Sempre que acontecem grandes terremotos, muitas pessoas acreditam que eles sejam provocados por fatores externos, como fase e posição da Lua ou tempestades solares. No entanto, a fonte propulsora dos terremotos está bem abaixo dos nossos pés e foi criada há bilhões de anos.
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Quando os terremotos do Haiti e do Chile aconteceram em 2010, diversas pessoas escreveram para nós acreditando que era possível prever os abalos simplesmente relacionando-os às fases da Lua. Agora, passado mais de um ano dessas duas tragédias, alguns especularam que os tremores estariam associados à forte atividade solar, observada quase que simultaneamente.
Infelizmente, isso não é verdade. Se assim o fosse, a previsão dos devastadores terremotos e tsunamis estaria tremendamente facilitada, pois bastaria observar as fases da Lua e a atividade solar para ter elementos suficientes para se prever terremotos. Sonhar é bom!
Fases da Lua
No caso das fases da Lua, o mito surge da ideia de que a força gravitacional provocada pelo nosso satélite, tanto de atração como de repulsão, seriam capazes de influenciar o movimento das placas tectônicas, onde ficam assentados os continentes, as cidades e os oceanos. Isso acontece por que muitas pessoas, ao saberem de um forte terremoto olham a fase da Lua, que coincidentemente pode estar cheia ou não. Se em dois ou três terremotos a Lua estiver cheia, relacionarão erroneamente que a Lua cheia provoca terremotos.
No entanto, esses observadores esquecem que todo ano existem cerca de 12 Luas Cheias. Se considerarmos que todo ano também acontecem aproximadamente 150 terremotos com magnitude acima de 6.0 graus, fica fácil verificar que os tremores acontecem em qualquer fase da Lua, seja ela cheia, nova, minguante ou crescente.
É certo que a atração gravitacional exercida pela Lua tem alguma influência nas camadas mais profundas da crosta e do manto e em alguns casos pode até provocar microssismos, mas não há evidências de que podem disparar terremotos.
Por outro lado, como as fases da Lua influenciam diretamente nas marés oceânicas, alguns estudos mostram que em algumas áreas costeiras podem ocorrer microssismos, neste caso disparados pela força da maré e não pela atração gravitacional da Lua.
Tempestades Solares
Outra teoria imediatamente lançada pelos leigos quando acontecem terremotos é a da influência das tempestades solares, principalmente quando essas acontecem antes de grandes eventos. Neste caso, o raciocínio é mais complexo, mas também incorreto.
A ideia é de que as partículas lançadas pelo Sol interagiriam com a magnetosfera terrestre e também com o magnetismo gerado no núcleo da Terra. Isso, de alguma forma alteraria o magnetismo terrestre a ponto de afetar a movimentação das placas tectônicas.
É importante destacar que não existe qualquer estudo científico que afirme isso e os poucos trabalhos que existem na tentativa de relacionar a influência solar aos terremotos são bastante frágeis e inconclusivos. Até o presente momento, a única influência das tempestades solares sobre nosso planeta está restrita às camadas mais altas da atmosfera, especialmente a ionosfera.
Da mesma forma que as fases da Lua, os terremotos acontecem e sempre vão acontecer, esteja o Sol apresentado instabilidades ou não.
Por outro lado, a teoria das tempestades solares é a que mais se aproxima do modelo adotado cientificamente para explicar os terremotos. Não devido aos humores do Sol, mas por citar a fonte geradora do campo magnético terrestre, o núcleo planetário. É ali que todo o processo tem início e foi criado desde os primeiros momentos da formação do nosso planeta, há 4.5 bilhões de anos.
O núcleo da Terra
O núcleo terrestre é formado por duas regiões. A mais interna é sólida e muito quente, formada por um grande cristal de ferro altamente denso, chamado núcleo interno. Esse núcleo, por sua vez, é envolvido por uma camada líquida, de consistência pastosa e quase sólida, formado entre outros elementos, por ferro, níquel e silício.
O calor no interior do núcleo sólido atinge cerca de 6 mil graus e ainda é remanescente desde a época da formação do nosso planeta. Ao que tudo indica, esse calor é mantido até os dias de hoje graças ao constantemente decaimento dos isótopos radioativos.
Campo Magnético
Os modelos atuais também mostram que é o movimento do núcleo externo ao redor do núcleo interno a causa da formação do campo magnético terrestre. Esse campo se propaga por mais de 60 mil quilômetros no espaço, criando uma região chamada de magnetosfera, capaz de desviar as partículas carregadas que foram ejetadas pelo Sol.
Correntes Convectivas
Além do campo magnético, o núcleo terrestre é o responsável diretamente pelos tremores de terra sentidos aqui na superfície. A alta temperatura criada nas profundezas da Terra produz correntes de convecção em toda a parte líquida no interior do planeta. Isso faz com que o magma, localizado no topo da astenosfera, se movimente. Como as placas tectônicas estão à deriva sobre o magma incandescente, essas também se movimentam, levando consigo os continentes e provocando a colisão, afastamento e deslizamentos entre as placas.
Artes: no topo, vista aérea da cidade de Sendai, na costa nordeste do Japão, horas depois que um tsunami atingiu a localidade, em 11 de março de 2011. Na sequência, Lua Cheia e Tempestade Solar. Dois objetos sempre lembrados para explicar os terremotos. Acima, corte transversal da Terra e esquema das correntes convectivas, que movimentam as placas tectônicas. Créditos: Agência Kyodo/Apolo11.com.
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Infelizmente, isso não é verdade. Se assim o fosse, a previsão dos devastadores terremotos e tsunamis estaria tremendamente facilitada, pois bastaria observar as fases da Lua e a atividade solar para ter elementos suficientes para se prever terremotos. Sonhar é bom!
No caso das fases da Lua, o mito surge da ideia de que a força gravitacional provocada pelo nosso satélite, tanto de atração como de repulsão, seriam capazes de influenciar o movimento das placas tectônicas, onde ficam assentados os continentes, as cidades e os oceanos. Isso acontece por que muitas pessoas, ao saberem de um forte terremoto olham a fase da Lua, que coincidentemente pode estar cheia ou não. Se em dois ou três terremotos a Lua estiver cheia, relacionarão erroneamente que a Lua cheia provoca terremotos.
No entanto, esses observadores esquecem que todo ano existem cerca de 12 Luas Cheias. Se considerarmos que todo ano também acontecem aproximadamente 150 terremotos com magnitude acima de 6.0 graus, fica fácil verificar que os tremores acontecem em qualquer fase da Lua, seja ela cheia, nova, minguante ou crescente.
É certo que a atração gravitacional exercida pela Lua tem alguma influência nas camadas mais profundas da crosta e do manto e em alguns casos pode até provocar microssismos, mas não há evidências de que podem disparar terremotos.
Por outro lado, como as fases da Lua influenciam diretamente nas marés oceânicas, alguns estudos mostram que em algumas áreas costeiras podem ocorrer microssismos, neste caso disparados pela força da maré e não pela atração gravitacional da Lua.
Tempestades Solares
Outra teoria imediatamente lançada pelos leigos quando acontecem terremotos é a da influência das tempestades solares, principalmente quando essas acontecem antes de grandes eventos. Neste caso, o raciocínio é mais complexo, mas também incorreto.
A ideia é de que as partículas lançadas pelo Sol interagiriam com a magnetosfera terrestre e também com o magnetismo gerado no núcleo da Terra. Isso, de alguma forma alteraria o magnetismo terrestre a ponto de afetar a movimentação das placas tectônicas.
É importante destacar que não existe qualquer estudo científico que afirme isso e os poucos trabalhos que existem na tentativa de relacionar a influência solar aos terremotos são bastante frágeis e inconclusivos. Até o presente momento, a única influência das tempestades solares sobre nosso planeta está restrita às camadas mais altas da atmosfera, especialmente a ionosfera.
Da mesma forma que as fases da Lua, os terremotos acontecem e sempre vão acontecer, esteja o Sol apresentado instabilidades ou não.
Por outro lado, a teoria das tempestades solares é a que mais se aproxima do modelo adotado cientificamente para explicar os terremotos. Não devido aos humores do Sol, mas por citar a fonte geradora do campo magnético terrestre, o núcleo planetário. É ali que todo o processo tem início e foi criado desde os primeiros momentos da formação do nosso planeta, há 4.5 bilhões de anos.
O núcleo terrestre é formado por duas regiões. A mais interna é sólida e muito quente, formada por um grande cristal de ferro altamente denso, chamado núcleo interno. Esse núcleo, por sua vez, é envolvido por uma camada líquida, de consistência pastosa e quase sólida, formado entre outros elementos, por ferro, níquel e silício.
O calor no interior do núcleo sólido atinge cerca de 6 mil graus e ainda é remanescente desde a época da formação do nosso planeta. Ao que tudo indica, esse calor é mantido até os dias de hoje graças ao constantemente decaimento dos isótopos radioativos.
Campo Magnético
Os modelos atuais também mostram que é o movimento do núcleo externo ao redor do núcleo interno a causa da formação do campo magnético terrestre. Esse campo se propaga por mais de 60 mil quilômetros no espaço, criando uma região chamada de magnetosfera, capaz de desviar as partículas carregadas que foram ejetadas pelo Sol.
Além do campo magnético, o núcleo terrestre é o responsável diretamente pelos tremores de terra sentidos aqui na superfície. A alta temperatura criada nas profundezas da Terra produz correntes de convecção em toda a parte líquida no interior do planeta. Isso faz com que o magma, localizado no topo da astenosfera, se movimente. Como as placas tectônicas estão à deriva sobre o magma incandescente, essas também se movimentam, levando consigo os continentes e provocando a colisão, afastamento e deslizamentos entre as placas.
Artes: no topo, vista aérea da cidade de Sendai, na costa nordeste do Japão, horas depois que um tsunami atingiu a localidade, em 11 de março de 2011. Na sequência, Lua Cheia e Tempestade Solar. Dois objetos sempre lembrados para explicar os terremotos. Acima, corte transversal da Terra e esquema das correntes convectivas, que movimentam as placas tectônicas. Créditos: Agência Kyodo/Apolo11.com.
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