A médica Virgínia Helena Soares de Souza já tinha sido afastada do trabalho, no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba por 30 dias devido a problemas de comportamento, segundo o diretor da instituição, Odair Brow.Ela foi presa na terça-feira (21), por suspeita de praticar eutanásia em pacientes internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) — antecipando a morte de pessoas com o uso de procedimentos médicos.
Segundo Brow, o afastamento não teve qualquer relação com maus tratos a pacientes ou qualquer coisa parecida. Virgínia tinha, de acordo com ele, problemas de convivência com os outros funcionários.
— Ela teve 30 dias de afastamento, feito pelo diretor geral da instituição que me antecedeu, por uma situação de relacionamento, nada a ver com a situação que agora está sendo verificada.
Em 2010, o hospital já tinha sido notificado pelas más condições de higiene da UTI que a médica chefiava. O auto de infração da vigilância sanitária mostra que, no momento da inspeção, foi constatada a presença de dois cinzeiros com cinzas, carteiras de cigarros no lixo e na bancada, e bitucas de cigarro.
Outros envolvidos
O enfermeiro Silvio Almeida, um dos que denunciou Virgínia, disse que outros dois médicos da UTI também antecipavam a morte de pacientes.
— A mesma linha que a doutora Virgínia seguia um médico e uma médica seguiam.
Ele ainda afirmou que a viu reduzir o nível de oxigênio dos pacientes e que a médica era considerada uma “lenda” no quarto andar do hospital.
— Não posso falar em assassinato, mas que podia ter sido feito mais na UTI pelos pacientes, isso podia. Ela deixava claro que queria limpar e desafogar os leitos. O critério era escolher pacientes mais debilitados. Ela era uma lenda e ninguém ousava não obedecer o que ela mandava. Eu só desejo que ela não pise mais em uma UTI.
Desconfiança
Nesta quinta-feira (21), mais pessoas procuraram a delegacia que investiga o caso. Elas tiveram parentes que morreram na UTI do hospital, sob os cuidados de Virgínia. Noemi França foi uma delas. Ela quer exumar o corpo do pai.
— Eu vim fazer um boletim de ocorrência porque eu quero o prontuário do meu pai. Eu preciso verificar a causa da morte dele, uma vez que ele foi atendido pela doutora Virgínia.
Defesa
O advogado dela, Elias Mattar Assad, já analisou o inquérito e deve entrar, na sexta-feira (22), com um pedido de liberdade provisória. O defensor disse, em entrevista ao R7, que a polícia ainda não apresentou provas que atribuam à médica alguma morte. Ele diz acreditar que a prisão foi feita antes da hora.
— Não tem morto que se possa correlacionar com uma ação humana dela. O que tem são fofocas, pessoas de dentro do hospital que podem ter se aproveitado para fazer denúncia. Ela foi presa sem nem ser ouvida antes.
De acordo com Assad, Virgínia trabalha na UTI do hospital há 24 anos, sendo que desde 2006 passou a chefiar o setor. Em nota, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que até o momento desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica. A Prefeitura de Curitiba pediu a troca imediata de toda a equipe da UTI do hospital.
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