domingo, 24 de fevereiro de 2013

Alcoolismo um inimigo da saúde

                                                                   copo de vinho tinto
O alcoolismo é, muitas vezes, encarado como um vício – e, sendo
assim, seria coisa passageira, brincadeira de fi m de semana. É preciso
que todos entendam que se trata de
uma doença. É classifi cado como tal
pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) desde 1967. A OMS alerta
para o fato de que o alcoolismo causa impotência, demência, falta de
desejo sexual, pancreatite, cirrose e
muitos outros distúrbios do organismo. É uma
doença
que
mata. Na verdade, é a terceira doença que mais mata no mundo. No
Brasil, a maioria das internações
psiquiátricas por dependência quí-
mica está ligada ao álcool. E, para
piorar, é a droga mais consumida
entre os jovens, segundo dados do
Ministério da Saúde.
De acordo com o dr. Drauzio Varella, que todos conhecem da televisão, o alcoolismo é uma doença
crônica, com aspectos comportamentais e socioeconômicos. “O alcoolismo se caracteriza pelo consumo compulsivo de álcool, no qual o
usuário se torna progressivamente
tolerante à intoxicação produzida
pela droga, e desenvolve sinais
e sintomas de abstinência,
quando a mesma é retirada”, diz Varella.
A psicóloga 28 Indo & Vindo 10 - Fevereiro / Março de 2013
Daniela Faria, do CTRF (Centro Terapêutico Resgate e Família), em
Petrópolis, especializada em dependentes químicos e de álcool, acrescenta que a pessoa que sofre desta
doença “tem desejo incontrolável de
utilizar a droga, difi culdade de controlar o consumo, e utiliza a substância mesmo conhecendo suas
consequências negativas”. Segundo
ela, “a prioridade dada ao uso da
droga (deixando outras atividades e
obrigações de lado), aliada a um aumento da tolerância pela droga (beber cada vez mais para conseguir o
mesmo efeito) são características
de quem já chegou a um estágio
avançado na dependência”.
Os problemas socioeconômicos
se apresentam rapidamente para
quem desenvolve dependência. Geralmente a primeira coisa que acontece é perder o emprego, por faltar
ou por se comportar de modo inadequado em serviço. O alcoolismo traz
experiências dolorosas tanto para
quem bebe, passando a apresentar
comportamento antissocial, como
para a família e amigos, que ou sofrem com as atitudes do dependente ou acabam por se afastar dele.
Trânsito e Lei Seca
Uma das atividades humanas
onde o alcoolismo provoca mais
danos é o trânsito, que apresentou
índices crescentes de mortes até
2008, quando foi implementada a
Lei nº 11.705, a Lei Seca. Reeditada no ano passado com restrições
e multas ainda maiores, a Lei Seca
institui a redução da taxa de alcoolemia (quantidade de álcool no sangue do motorista) a zero. Isto provocou uma diminuição signifi cativa da
mortalidade nas estradas, medida
mês a mês pelos órgãos federais e
estaduais de Trânsito.
A Fetranspor teve papel preponderante na criação e adoção da Lei
Seca. Foi o seu representante no
Cetran-RJ, o médico dr. Fernando
Duarte Moreira, por meio de seus estudos e pesquisas, um dos responsá-
veis pela Lei. Na Federação, ele criou
o Programa Alcoolemia Zero, base
para a redação da Lei, que foi recebida pela população com aprovação
quase unânime, devido aos bons resultados evidenciados nas estatísticas de acidentes de trânsito.
Para quem dirige, ou precisa ter
refl exos rápidos em seu trabalho,
o alcoolismo é um inimigo fatal. O
alcoolismo crônico é um processo
longo que leva em média dez anos.
O ideal é que seja iniciado um tratamento antes que se torne crônico,
no início da doença. Uma ingestão
pequena de álcool (um copo de cerveja, por exemplo), dependendo da
pessoa, já causa sintomas como
difi culdade de coordenação motora,
confusão mental, refl exos alterados,
euforia, aumento da autoconfi ança,
efeitos sobre o humor, difi culdades
de raciocínio, dentre outros.
Daniela Faria,
especializada em
dependentes químicos
e de álcoolIndo & Vindo 10 - Fevereiro / Março de 2013 29
Alcoólicos Anônimos (AA) — grupo de ajuda para
dependentes de álcool - www.alcoolicosanonimos.
org.br ou (21) 2253-3377 (linha de ajuda).
Al-Anon — www.al-anon.org — grupo de ajuda para
parentes e amigos de alcoólicos.
Como podemos ajudar quando
deparamos com uma pessoa sob
efeito de álcool? A psicóloga Daniela
aconselha: “Essa pessoa deve ser
encaminhada à unidade de saúde
mais próxima para que um profi ssional de saúde tome as providências
necessárias. Só um médico saberá
avaliar qual tratamento aquele paciente precisará no momento. Uma
avaliação clínica minuciosa deverá
ser feita”. A especialista destaca,
também, que já se constatou que
fatores genéticos podem infl uenciar no alcoolismo; ou seja, se pais,
avôs, tios foram alcoólatras, o indivíduo deve ter ainda mais cuidado
para não desenvolver a doença.
Alcoólicos Anônimos
Médicos e psicólogos são unânimes em afi rmar que a pessoa deve
receber apoio da família e dos amigos para que tenha confi ança. Deve-
-se estimular o paciente a buscar
ajuda profi ssional – psicológica e
médica –, de preferência em grupos
anônimos. O recado da psicóloga
Daniela é incisivo: “É preciso que
se saiba que existe saída para este
sofrimento. Todos os que sofrem, ou
conhecem alguém que sofre com o
uso abusivo de álcool e outras drogas, devem saber onde buscar ajuda e voltar a viver”.
Na internet, pode-se pesquisar
sobre alguns desses grupos, que
têm conseguido excelentes resultados ao longo de décadas. Um dos
mais ativos, no mundo inteiro, é os
Alcoólicos Anônimos (AA), cujo site
é www.alcoolicosanonimos.org.br.
Trata-se de uma comunidade de caráter voluntário. São homens e mulheres que se reúnem para alcançar
e manter a sobriedade por meio da
abstinência total de ingestão de bebidas alcoólicas. Seu lema é “Só por
hoje” – ou seja: “Só por hoje eu não
vou beber, só por hoje eu não bebi.

Fonte:http://www.revistaindoevindo.com.br

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