Hoje teremos a cerimônia de entrega do Oscar, o prêmio máximo da indústria cinematográfica estadunidense.
Quase não percebemos que quando dizemos "indústria cinematográfica" falamos do consumo de arte industrial, arte de massas.
Qual seja: nem sempre o que agrada a massa nos agrada.
Mas isso é outro assunto.
Fora alguns filmes que parecem produzidos diretamente pelo Departamento de Estado estadunidense com roteiros escritos pela CIA - como por exemplo "A Hora Mais escura"- agradou-me sobremaneira "O Lado Bom da Vida".
Porém, neste espetáculo do Oscar o mais bizarro é a indicação de uma criança de 6 anos de idade. Quvenzhané Wallis, a menina de "Indomável Sonhadora".
Indica-la para o Oscar tem para mim similaridade nacional como se Maisa, a menininha do SBT, disputasse o prêmio de melhor atriz com Fernanda Montenegro.
Não discuto talento, mas discuto carreira.
Se eu, como ator, depois de quase cinquenta anos de carreira tivesse que disputar com um pirralho de 6 anos o meu trabalho profissional eu ia ficar muito indignado por submeterem-nos a tal competição.
O quê uma criança de 6 anos sabe da vida? Do Prêmio? Da carreira? Da profissão? Da arte?
A menina merece destaque sim, e só. Louvável. Mas penso que os juizes enlouqueceram, perderam a medida, entraram em deboche e escárnio, ao indicarem-na para o prêmio de Melhor Atriz.
Como? Ela mal escolheu a escola onde vai iniciar o curso prímário, que dirá a profissão!
Até porque há um precedente: Shiley Temple, ganhadora de um Oscar Especial aos 6 anos de idade, e depois que tornou-se jovem nunca mais fez nada na carreira de artista.
E isto foi em 1930, há quase 90 anos... de lá pra cá pensei que a indústria de Hollywood houvesse avançado no respeito a pedagogia infantil.
E o Diretor do filme "Indomável Sonhadora' ainda declara: "Ela é de uma maturidade incrível" . Maturidade com 6 anos? (Agora com 9 anos). Neste caminho aos 11 ela deverá ser mãe e aos 15 uma sábia macróbia!
Considero a indicação - sequer a um Oscar Especial, e sim a "Melhor Atriz"- uma apelação e uma desmoralização ao trabalho de profissionais que há décadas escolheram um ofício que remete a entrega e sacrifícios feitos com consciência e disciplina.
Mas o maluco devo ser eu, porque até agora não vi nenhum crítico, ninguém comentando este disparate entre as indicações.
Diante disto que considero uma perversão, recolho-me, eu mesmo, aos Costumes.
PS.: Aproveito o ensejo para relembrar aos leitores a campanha na qual me engajo:
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