A descoberta de dois corpos no subsolo do Edifício Liberdade surpreendeu o Corpo de Bombeiros, que não sabia da existência de outros pavimentos no prédio. As equipes de buscas só descobriram este espaço 48 horas depois do desabamento, quando os agentes entraram na pequena parte do edifício que permaneceu de pé, segundo o comandante-geral da corporação.
"Toda a nossa ação inicial foi feita na expectativa de encontrar sobreviventes. Depois, passamos a buscar alternativas e só então tivemos a informação do subsolo", disse coronel Sérgio Simões.
Na quinta-feira, dia seguinte ao desabamento, a Prefeitura informara que o edifício tinha 18 pavimentos, além de loja e sobreloja. Os próprios funcionários, depois de muitos anos trabalhando lá, só souberam do subsolo depois que tudo ruiu.
"Ninguém nunca tinha ouvido falar. Agora é que ficamos sabendo que nos anos 40 e 50, quando o prédio era novo, ali funcionava um cabaré", disse, na quinta-feira de manhã, um contador da ECN Auditoria e Contabilidade. A empresa, cujo proprietário, Nilson Assunção Ferreira, morreu soterrado, ficava no sétimo andar.
Moacyr Duarte, pesquisador da Coppe-UFRJ especialista em situações de risco, não estranha o desconhecimento acerca do subsolo, uma vez que o registro de imóvel é "fraco no Brasil". Ele aponta outro problema: a ausência de um perito em estruturas junto aos bombeiros que procuram corpos de vítimas, o que seria fundamental para precisar como o Liberdade, e, consequente, os dois outros prédios da Avenida Treze de Maio, sucumbiram.
"Não vi um perito especializado lá, quando deveria haver um sincronismo", afirmou. "É importante colher elementos da pilha, ter amostras do concreto dos pilares de base para fazer uma análise, ver o que é ferragem de coluna, de laje, para entender as deformações que sofreram. Tem todo um registro de dados que não está sendo feito, e é assim que reconstitui o que aconteceu".
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