quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Arrastão em São Gonçalo causa pânico e faz mais de 20 vítimas

POR RICARDO ALBUQUERQUE

Rio - Mais de 20 pessoas entre pedestres, clientes de restaurantes e moradores de uma casa em Maria Paula, em São Gonçalo, foram aterrorizados e roubados na noite desta terça-feira por um bando de ladrões. A violência dos ataques deixou um rastro de medo e pânico em seis bairros do município. Dois integrantes do grupo foram presos por policiais militares do 7º BPM (São Gonçalo) na Rua Major Duque Estrada, um dos acessos ao Morro Menino de Deus, no Rocha. O terceiro bandido escapou, apesar do cerco policial.

Os bandidos foram presos com computadores, roubas, televisões, celulares, entre outros itens | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia

Os PMs recuperaram computadores, celulares, dinheiro, capacetes de moto, ventiladores e outros eletrodomésticos das vítimas. O material estava na mala e dentro do Celta preto, placa LPP-5052, roubado na área da 78ª DP (Fonseca), em Niterói, no começo do mês. Os policiais ainda apreenderam um revólver calibre 38 que estava em poder de Renan da Conceição Sodré, 22 anos, apontado como o líder do bando. Ele e Weslley Souza de Araújo Pinto, 20, foram presos em flagrante com os produtos do roubo.

Vítima da violência dos assaltantes, a família de um funcionário público de 54 anos está em choque. "Eles pularam o muro, invadiram a nossa casa e fizeram eu, minha mulher e meus dois filhos de reféns. Levaram tudo. Minha mulher nem quis vir na delegacia depois de ser ameaçada de morte. Foram 30 minutos de muito sofrimento", disse a vítima, que recuperou os objetos roubados na 74ª DP (Alcântara). "Nem acreditei quando vi as coisas no chão da DP", admitiu.

Os bandidos levaram roupas, duas televisões de plasma, dois computadores, duas impressoras, sete celulares, liquidificadores, ventiladores, forno elétrico e outros eletromésticos da família. "Eles são tão folgados que ainda tomaram cervejas que estavam na geladeira durante o assalto", disse. Mesmo com o carro abarrotado de objetos roubados, o bandou seguiu em direção ao Bairro do Mutuá, onde assaltou pedestres.

Vítimas conseguiram recuperar objetos roubados pelos criminosos | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia

O bonde do arrastão passou por Maria Paula, Mutuá, Rocha, Pita, Centro e Jockey, onde os bandidos assaltaram 12 clientes que estavam no Bar do Primo, por volta das 22h de terça-feira. "Eles pararam o carro em frente ao bar e anunciaram o assalto, sempre ameaçando todo mundo de morte. Quem estava de relógio e celular, perdeu. Só do bar, os caras levaram R$ 1,4 mil", disse o gerente. Um dos clientes ligou para a PM e seguiu o carro dos bandidos, o que ajudou os policiais a fecharem o cerco.

A ação dos criminosos durou mais de três horas. No Rocha, eles invadiram uma pizzaria e roubaram o dinheiro do caixa. No Centro, outras duas mulheres também tiveram os pertences roubados. No Pita, um casal sofreu com a violência dos bandidos e entregaram até a aliança de casamento. Os PMs suspeitam que outras vítimas deverão comparecer a delegacia após a repercussão do arrastão. A estimativa é que mais de 20 pessoas tenham sido roubadas. Nem todas compareceram à delegacia, na madrugada desta quarta-feira, para registrar a ocorrência.

Policial admite que imagem do batalhão está comprometida

Um dos policiais que participou da prisão dos dois ladrões admitu que a imagem do 7ºBPM (São Gonçalo) está comprometida após a prisão do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira. "O policial que trabalha sério e não tem nada a ver com o caso da juíza, está sofrendo na pele porque parece que todo mundo olha para a gente como se estivéssemos com a palavra assassino escrita na testa. Acho que o batalhão está pagando pelas atitudes dos maus policiais", desabafou.

Segundo o sargento, a ordem no 7ºBPM é agir com rapidez para prender os bandidos e evitar os autos de resistência. "Essa é a recomendação do comandante (Djalma Beltrame). A ideia dele é melhorar a imagem da corporação, mas a gente sabe que a população está mais envergonhada do que nós que trabalhamos com aqueles caras que mataram a juíza. Pior que pode ter mais gente envolvida, por isso peço, encarecidamente, para você não citar o meu nome", explicou ele.

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