Rio - Três pessoas morreram após serem atingidas por um veículo de bandidos que fugiam de policiais do 15º BPM (Caxias) no bairro Jardim Primavera, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na manhã desta quinta-feira. Duas vítimas são o cabo da PM Thiago Abraão Lopes da Silva, 33 anos, e sua mulher, Deise Tarquínio da Silva, que estava grávida de dois meses. Eles chegaram a ser socorridos para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, mas não resistiram aos ferimentos. O terceiro morto é o suspeito, identificado Deividson Luiz Moreira do Nascimento, 19 anos, que morreu no local.
Os bandidos tinham roubado o Toyota Etios do representante comercial Carlos Henrique Santos, de 51 anos, na Estrada Rio-Magé, por volta das 3h, quando ele seguia para o aeroporto do Galeão, onde embarcaria para São Paulo às 6h. Segundo a vítima, um dos criminosos parou no meio da pista, completamente escura, e atirou. Ele parou, tentou pedir para ficar o celular, mas os ladrões não entregaram. Em seguida, um caminhão da Concer, que administra a BR-040, deu carona para o homem e acionou a polícia.
Um cerco foi montado pelos policiais do 15º BPM, mas os criminosos escaparam, dando início a fuga. Na Estrada São Tomé, esquina com a Avenida Jornalista Padilha, o veículo dos ladrões atingiu a moto em que estava o PM e sua esposa, além do Kia Cerato, capotando em seguida. A mãe do motorista do veículo de passeio atingido ficou desesperada ao saber do estado do filho. Ele estaria do lado de fora do automóvel quando foi atingido. "Ah, meu Deus, por que fizeram isso com meu filho?", dizia, aos prantos.
Um do ocupantes do carro em fuga morreu no local. Desesperada, a mãe do criminoso morto chorava ajoelhada no meio da chuva, enquanto peritos trabalhavam na cena do crime. "Eu repreendo esse espírito de morte! Levanta daí, Deus tem promessa na sua vida. Você está vivo, eu não estou louca", gritava. "Levem vocês seus filhos para a igreja para que isso não aconteça", dizia para os agentes da Polícia Civil.
Informação preliminares dão conta que ele também teria sido baleado. Um menor de 17 anos que fazia parte do grupo foi apreendido no local e Gabriel Martins da Silva, de 28 anos, está internado sob custodia no Hospital Adão Pereira Nunes. O dono do veículo roubado fala em quatro bandidos, mas a PM só fala em três. Uma pistola calibre 9mm com numeração raspada, quatro celulares, dois relógios, uma máscara de silicone e uma carteira com documentos foram encontrados no veículo roubado. O caso será investigado pela 59ª DP (Duque de Caxias).
O PM e sua esposa estavam em um bar, Boteco VIP, a 20 metros da Rua Jornalista Moacir Padilha, onde ocorreu o acidente. Eles saíram do local por volta de 4h17. O motorista do Kia, identificado como Carlos Henrique de Sousa, e a mulher Sabrina Gonzaga, também era frequentavam o estabelecimento ficaram feridos. Eles foram atendidos e liberados no Hospital de Saracuruna.
O PM era lotado na UPP Manguinhos e estava na corporação há nove anos. Ele e sua esposa deixam dois filhos, de 3 e 9 anos. A Polícia Civil realizou o trabalho de perícia. O comandante do batalhão da Polícia Militar da região também acompanha a ocorrência.
O motorista Vagner Santos, 40 anos, amigo do cabo da PM, disse que a última vez que se viram foi na segunda-feira, no cabeleireiro. "Conversamos sobre futebol, Copa do Mundo e Flamengo. Como ele estava na minha frente, ele acabou cortando o cabelo e foi embora antes de mim. Ele fazia segurança aqui na região. Eu sempre passava na rua e encontrava com ele. Era uma pessoa bem alegre, bem educada. Hoje estou aqui e não acredito que aconteceu isso. Estou abismado", falou.
O delegado da 59ª DP, Flávio Ferreira Rodrigues, disse que o trio estava praticando roubos no Centro de Caxias com o carro roubado e pede que outras vítimas compareçam para registrar os casos. Segundo eles, nenhum deles tinha passagem pela polícia, mas que isso não significa que não cometiam crimes.
"Pedimos que quem foi roubado por esses criminosos venham até a DP e registrem o boletim de ocorrência, para termos provas robustas e que eles fiquem muito tempo na cadeia. Vamos investigar se eles praticavam outros crimes na região", falou.
O criminoso que está internado no hospital vai ser indiciado por roubo qualificado com uso de arma de fogo, resistência, homicídio culposo na direção de veículo automotor. No curso das investigações, a autuação de homicídio pode mudar para doloso. Ele pode pegar até 26 anos de cadeia. O menor responderá por fato análogo aos crimes.
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