Construção tem 175 mil anos e foi descoberta na caverna de Bruniquel,
no sudeste de França
no sudeste de França
Nas profundezas de uma caverna que esteve selada durante muitos
milénios, em Bruniquel, no sudeste de França, um grupo de investigadores
europeus deparou-se com uma estranha construção em anel, feita de
estalagmites que foram arrancadas, ali mesmo, ao chão. Mas foi ao datar
o achado que os cientistas ficaram perplexos. A construção tem 175
mil anos, é a mais antiga alguma vez encontrada na Europa e só podia
ter sido feita por um único ser: o homem de Neandertal... que nunca
ficou associado a quaisquer construções. Parece que vai ser preciso
rebobinar tudo.
milénios, em Bruniquel, no sudeste de França, um grupo de investigadores
europeus deparou-se com uma estranha construção em anel, feita de
estalagmites que foram arrancadas, ali mesmo, ao chão. Mas foi ao datar
o achado que os cientistas ficaram perplexos. A construção tem 175
mil anos, é a mais antiga alguma vez encontrada na Europa e só podia
ter sido feita por um único ser: o homem de Neandertal... que nunca
ficou associado a quaisquer construções. Parece que vai ser preciso
rebobinar tudo.
A própria descoberta da caverna tem uma história. Há dezenas de milhares
de anos, já depois dos misteriosos construtores de há 175 mil anos ali
terem deixado o seu enigmático testemunho, um qualquer movimento
geológico local fechou a entrada. A gruta permaneceu assim, reservada e
insuspeita, até fevereiro de 1990, quando o jovem espeleólogo
Buno Kowalsczewski encontrou a entrada, depois de ter andado por ali a
escavar. Numa galeria, 300 metros dentro de terra, encontrou a estranha
construção, e apercebendo-se da importância do sítio, contactou François
Rouzau, que dirigia então o serviço regional de arqueologia. Rouzeau
decidiu datar por radio-carbono um dos muitos ossos de animal que ali
se encontravam, e o resultado foi uma surpresa: mais de 47 mil anos.
Mas o arqueólogo morreu pouco depois e a gruta caiu no esquecimento.
Só em 2013 voltou a ser investigada, e o resultado não podia ser mais
extraordinário.
de anos, já depois dos misteriosos construtores de há 175 mil anos ali
terem deixado o seu enigmático testemunho, um qualquer movimento
geológico local fechou a entrada. A gruta permaneceu assim, reservada e
insuspeita, até fevereiro de 1990, quando o jovem espeleólogo
Buno Kowalsczewski encontrou a entrada, depois de ter andado por ali a
escavar. Numa galeria, 300 metros dentro de terra, encontrou a estranha
construção, e apercebendo-se da importância do sítio, contactou François
Rouzau, que dirigia então o serviço regional de arqueologia. Rouzeau
decidiu datar por radio-carbono um dos muitos ossos de animal que ali
se encontravam, e o resultado foi uma surpresa: mais de 47 mil anos.
Mas o arqueólogo morreu pouco depois e a gruta caiu no esquecimento.
Só em 2013 voltou a ser investigada, e o resultado não podia ser mais
extraordinário.
Publicado esta semana na revista Nature, o estudo foi coordenado pelo
arqueólogo Jacques Jaubert, da Universidade de Bordéus, e por
Sophie Verheyden, uma paeloclimatologista do Instituto Real Belga de
Ciências Naturais, em Bruxelas. Ali se analisa a construção, feita de
quase 400 pedaços de estalagmite dispostos de forma circular, num
anel maior, e outros cinco sub-anéis mais pequenos que estão recobertos
de uma camada de calcite, entretanto formada.
arqueólogo Jacques Jaubert, da Universidade de Bordéus, e por
Sophie Verheyden, uma paeloclimatologista do Instituto Real Belga de
Ciências Naturais, em Bruxelas. Ali se analisa a construção, feita de
quase 400 pedaços de estalagmite dispostos de forma circular, num
anel maior, e outros cinco sub-anéis mais pequenos que estão recobertos
de uma camada de calcite, entretanto formada.
Além desta estrutura, há ainda ossos de animais dispersos, alguns deles
queimados, e sinais de fogueiras. Algumas das estalagmites estão
queimadas, e parte delas estão empilhadas em vários pontos da construção.
Muitas mostram sinais de terem sido propositadamente partidas,
provavelmente para serem arrancadas ao chão e dispostas pelos seus
construtores.
queimados, e sinais de fogueiras. Algumas das estalagmites estão
queimadas, e parte delas estão empilhadas em vários pontos da construção.
Muitas mostram sinais de terem sido propositadamente partidas,
provavelmente para serem arrancadas ao chão e dispostas pelos seus
construtores.
A datação da camada de calcite, das estalagmites e dos ossos, feita por
análise radiométrica de urânio, mostrou que a construção tem cerca de
175 mil anos. Ou seja, foi feita quando uma única espécie Homo andava
pela Europa, a dos Neandertais - faltavam ainda mais de cem mil anos
para que o Homo sapiensiniciasse a sua famosa migração Out of Africa.
análise radiométrica de urânio, mostrou que a construção tem cerca de
175 mil anos. Ou seja, foi feita quando uma única espécie Homo andava
pela Europa, a dos Neandertais - faltavam ainda mais de cem mil anos
para que o Homo sapiensiniciasse a sua famosa migração Out of Africa.
Como não se conhecem até hoje quaisquer outras construções de
Neandertais, este é mais um enigma, a somar ao muito que se desconhece
sobre esta espécie que deambulou pela Europa desde há 400 mil anos e
depois se extinguiu inexplicavelmente há 40 mil.
Neandertais, este é mais um enigma, a somar ao muito que se desconhece
sobre esta espécie que deambulou pela Europa desde há 400 mil anos e
depois se extinguiu inexplicavelmente há 40 mil.
Mas, afinal, para servia aquela construção? Porque foi feita? Os cientistas
não têm nenhuma resposta definitiva, porque não descobriram no local
(ainda não, pelo menos) outros indícios, como ossos humanos ou artefactos
que indiquem a utilização do sítio. Era usado como refúgio? Ou como local
de prática de rituais de alguma maneira ligados à espiritualidade? Não se sabe.
não têm nenhuma resposta definitiva, porque não descobriram no local
(ainda não, pelo menos) outros indícios, como ossos humanos ou artefactos
que indiquem a utilização do sítio. Era usado como refúgio? Ou como local
de prática de rituais de alguma maneira ligados à espiritualidade? Não se sabe.
No artigo, na Nature, a equipa sublinha que este achado revela, no entanto,
duas facetas novas sobre os Neandertais. "A primeira é a de que aquela
espécie humana pré-moderna" conseguiu "apropriar-se deste tipo de
espaço", nas profundezas de uma caverna onde não chega a luz exterior.
Isso implicou necessariamente a utilização da luz do fogo, e por
conseguinte, um trabalho coletivo para dispor a estrutura naquele
local, 330 metros dentro da gruta.
duas facetas novas sobre os Neandertais. "A primeira é a de que aquela
espécie humana pré-moderna" conseguiu "apropriar-se deste tipo de
espaço", nas profundezas de uma caverna onde não chega a luz exterior.
Isso implicou necessariamente a utilização da luz do fogo, e por
conseguinte, um trabalho coletivo para dispor a estrutura naquele
local, 330 metros dentro da gruta.
A outra faceta é a da própria capacidade construtora, até hoje
desconhecida, daquela espécie. "Os nossos resultados sugerem que os
Neandertal responsáveis por esta construção tinham um nível de
organização social que era mais complexo do que se pensava em
relação a esta espécie de hominídeo", escrevem os autores, que pretendem
agora escavar o interior da gruta, em busca de mais respostas.
desconhecida, daquela espécie. "Os nossos resultados sugerem que os
Neandertal responsáveis por esta construção tinham um nível de
organização social que era mais complexo do que se pensava em
relação a esta espécie de hominídeo", escrevem os autores, que pretendem
agora escavar o interior da gruta, em busca de mais respostas.
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