Uma mulher de 22 anos procurou a polícia no início da noite desta sexta-feira (12) dizendo que foi estuprada, estrangulada e esfaqueada por Saílson José das Graças, o suposto serial killer de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em outubro deste ano. Ela deve prestar depoimento ainda nesta noite. Sailson diz ter matado 43 pessoas no período de 9 anos.
A transferência de Sailson da Divisão de Homicídios (DH) da Baixada Fluminense para a Polinter, na Cidade da Polícia, teve tumulto e manifestações de revolta de populares. Aos gritos de "assassino", cerca de 50 pessoas chegaram a parar o carro que levava Sailson para o Instituto Médico-Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito antes de seguir para a prisão.
Neste sábado (13), Sailson deve ser levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste. A companheira dele, Cleusa Balbina de Paula, também foi transferida.
Mulher xinga Sailson na saída da Divisão de
Homicídio da Baixada (Foto: Káthia Mello/G1)
Homicídio da Baixada (Foto: Káthia Mello/G1)
De acordo com o delegado adjunto da DH, Marcelo Machado, três famílias procuraram a delegacia nesta sexta acreditando que Saílson teria matado seus familiares. Porém, nenhum dos assassinatos teve a autoria confirmada por incompatibilidades nos crimes cometidos e por desencontro de datas.
Sailson, de 26 anos, foi preso em flagrante na manhã da quinta-feira (11), após matar uma mulher a facadas. Ao prestar depoimento na DH da Baixada, ele confessou o assassinato de 38 mulheres, três homens e uma criança.
Com frieza, contou como planejava os crimes e disse à polícia que quatro pessoas foram assassinadas a pedido da companheira dele, Cleusa – em troca, ela lhe dava casa e comida. “Ela bancava, me bancava. Em troca disso era água, comida, teto, roupa nova, dinheiro para eu comprar as necessidades”, disse Sailson.
Cleusa Balbina de Paula, companheira de Sailson, também foi transferida (Foto: Cristina Boeckel/G1)
Cleusa e o ex-marido dela José Messias, que teria planejado pelo menos uma das mortes, também foram presos, mas negaram as acusações. Segundo os agentes, os três moravam na mesma casa. Sailson disse aos investigadores que Cleusa sabia dos crimes.
“Eu falava com ela: 'Ah, hoje é dia de minha caçada' e saía. 'Hoje é dia de eu fazer o meu trabalho.' Ela já sabia o que era e eu saía”, contou Sailson.
Vizinhos de Sailson se mostraram chocadoscom as revelações sobre os crimes que ele teria cometido. Para os moradores do bairro Corumbá, Sailson era um homem tranquilo. Ele mantinha um perfil em uma rede social em que aparecia sempre sorrindo. De família religiosa e pai de um menino de oito anos, era aparentemente alguém acima de qualquer suspeita.
Ameaça de agressão
De acordo com um sobrinho de Fátima Miranda, vizinha e uma das vítimas de Sailson, assim que os moradores do bairro Corumbá souberam das mortes, quiseram linchar o trio (Sailson, Cleuza e o ex-marido dela).
De acordo com um sobrinho de Fátima Miranda, vizinha e uma das vítimas de Sailson, assim que os moradores do bairro Corumbá souberam das mortes, quiseram linchar o trio (Sailson, Cleuza e o ex-marido dela).
"Para mim a cadeia é pouco. É um alívio saber que ele está preso, mas não é tudo. Ele matou uma pessoa que gostava de viver. Na vizinhança ficou todo mundo revoltado", afirmou Cristiano Moraes dos Santos, 30 anos, lembrando que Cleuza era amiga de sua tia.
Sailson afirma não se arrepender dos crimes e diz que voltaria a matar (Foto: Reprodução/TV Globo)
Ainda segundo o rapaz, o trio era conhecido na vizinhança por levar as pessoas para o bar, embebedar e depois roubar. "Ela levava para o bar e ele vinha depois para roubar", afirmou Cristiano, lembrando que na noite em que sua tia foi morta eles entraram na casa com a desculpa que precisavam guardar a bicicleta.
Segundo o delegado titular da DH, Pedro Henrique Medina, é importante que parentes de desaparecidos e de pessoas estranguladas compareçam para prestar depoimento. "Estamos tentando fazer uma conexão dos fatos", afirmou.
Sobre o fato do suposto serial killer ter cometido tantos crimes ao longo de nove anos sem nunca ter sido preso por isso, o delegado afirma que o espaço de tempo é muito grande e que em nenhum momento a polícia estabeleceu qualquer conexão entre os crimes. "Ele observava, tentava estabelecer locais ermos, prestava atenção nas câmeras para burlar essa vigilância e não ser pego", afirmou Medina.
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