domingo, 29 de julho de 2018

Imagens de orixás são quebradas em terreiro de candomblé em Niterói

Cinco imagens de orixás são destruídas em Niterói

Imagens de orixás pertencentes a um centro de candomblé localizado no bairro Fonseca, em Niterói, foram depredadas. O caso, registrado na 78ª DP como crime de intolerância religiosa, ocorreu no terreiro Ile Axé Oya Onira — que em iorubá significa Casa de Iansã — de Tânia Rodrigues, conhecida como Mãe Tânia de Oya. A religiosa foi informada do ato de vandalismo na manhã de sábado por um amigo que passava em frente ao local e percebeu os cacos espalhados no chão.
Cinco imagens foram destruídas e apenas uma foi poupada, a que simboliza a figura de Iemanjá. Não houve invasão do local, pois todas as estatuetas estavam expostas no muro do lado de fora do terreiro e, de acordo com Tânia, a perícia não constatou sinais de tentativa de arrombamento na propriedade.

Há cerca de 20 anos no comando da casa religiosa, foi a primeira vez que a proprietária do terreiro se deparou com tal situação:

— Nunca recebi ameaça alguma. Essa casa foi herança de meus pais e a vizinhança a frequenta. Nós não fazemos encontros muito tarde para não incomodar ninguém. Em frente já funcionou uma igreja evangélica e sempre tivemos uma boa convivência, inclusive — explica Tânia que não tem suspeitos do crime. — Eu não sei se foi uma ou mais pessoas, não faço ideia de quem seja a responsabilidade, porque nunca ninguém demonstrou estar incomodado com a presença do terreiro. Só quero ficar em paz exercendo minha fé.

O subsecretário da Coordenadoria de Defesa dos Direitos Difusos e Enfrentamento à Intolerância Religiosa de Niterói (Codir), Gilmar Hughes, afirma que o órgão acompanhou a abertura do boletim de ocorrência do caso e entrou em contato com o Centro de Promoção da Liberdade Religiosa do estado (Ceplir) para prestar apoio à vítima. Hughes lembrou que, desde 2011, Candomblé e Umbanda são patrimônios cultuais e imateriais de Niterói.
A Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) emitiu nota afirmando que está oferecendo assistência jurídica e psicossocial a Tânia e que sua equipe marcará um atendimento presencial com ela durante a semana.

No estado do Rio foi registrado um aumento de mais de 56% no número de casos de intolerância religiosa na comparação do primeiro trimestre de 2017 e o mesmo período deste ano. Denúncias de intolerância religiosa, racismo, xenofobia e outros tipos de preconceito podem ser feitas pelo Disque Combate ao Preconceito no telefone: (21) 2334-9551. O crime de intolerância religiosa tem pena de um até cinco anos de detenção e multa.

https://extra.globo.com/casos-de-policia/imagens-de-orixas-sao-quebradas-em-terreiro-de-candomble-em-niteroi-22930552.html

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