egundo o Ministério da Saúde brasileiro, 33% dos homens só procuram atendimento médico quando o problema de saúde já está avançado e sério. Tudo isso em pleno século XXI, com tratamentos modernos e que levam em consideração a opinião do paciente.
Imagine então procurar ajuda médica em séculos passados, quando uma simples consulta poderia terminar com um buraco no crânio do paciente ou outros tratamentos esdrúxulos. Veja 7 tratamentos psiquiátricos que vão fazer você agradecer por não viver no passado.
7. Terapia do coma induzido por insulina
A moda do coma induzido como tratamento para problemas psiquiátricos começou em 1927. Naquele ano, o médico austríaco Manfred Sakel acidentalmente deu uma dose de insulina altíssima para uma paciente diabética e viciada em morfina, e ela entrou em coma.
O médico conseguiu converter o que seria uma falha gravíssima em um grande triunfo. Isso porque quando a paciente acordou, ela afirmou que seu vício em morfina estava curado.
O mais curioso é que mais tarde o médico cometeu o mesmo erro com outro paciente (provavelmente “sem-querer-querendo”), e este segundo paciente também afirmou que estava curado de um vício. Depois disso, Sakel começou a testar a terapia de forma intencional em outros pacientes, e relatou uma taxa de cura de 90%, especialmente entre pacientes esquizofrênicos.
O sucesso deste tratamento nunca foi explicado. A alta dose de insulina faz a taxa de açúcar no sangue cair drasticamente, e isso deixa o cérebro sem energia, e o paciente entra em coma. Mas como este estado de coma poderia ajudar um paciente psiquiátrico ainda é um mistério. Mesmo assim, o tratamento caiu em desuso simplesmente porque é perigoso. Entrar em coma não é brincadeira, e 2% dos pacientes morriam com a overdose de insulina.
6. Trepanação
A trepanação é a abertura de um ou mais buracos no crânio, e na medicina moderna é usada para drenar hematomas intracranianos ou inserir cateteres cerebrais.
Na antiguidade, porém, a trepanação era muito usada em hospícios por médicos que acreditavam que demônios ou espíritos malignos presos na cabeça do paciente poderiam escapar pelo furinho. Muitos pacientes morriam no procedimento.
5. Terapia rotacional
O avô de Charles Darwin, Erasmus Darwin, era médico, filósofo e cientista. Um dos tratamentos desenvolvidos por ele envolvia girar uma pessoa rapidamente. Ele acreditava que o sono causado por tantas rotações curaria doenças.
Ninguém deu muita bola para a ideia de Darwin no início, mas anos depois o médico norte-americano Benjamin Rush adaptou o tratamento para pacientes psiquiátricos. Ele defendia que girar a cabeça do paciente rapidamente liberava a “congestão cerebral”, e curava doenças mentais. Na verdade ele só deixava os pacientes extremamente tontos.
4. Hidroterapia
Se ao pensar na palavra hidroterapia você imaginou banhos quentinhos e agradáveis em ofurôs, pode pensar novamente.Um dos tratamentos envolvia mumificar o paciente em toalhas molhadas em água congelante. Outro prendia o paciente em uma banheira por horas ou dias, somente permitindo que ele saísse da água para usar o banheiro. Havia também uma modalidade que prendia a pessoa na posição da cruz (o que nunca é boa coisa) e a esguichava com água gelada com uma mangueira de alta pressão.
Esses tratamentos com água gelada mais parecem tortura que outra coisa.
3. Mesmerismo
O médico austríaco Franz Mesmer, do século XVIII, acreditava que uma força invisível estava em tudo e todos, e que interrupções nessas forças causam dor e sofrimento. Sua teoria básica era que a gravidade da lua afeta os fluidos do corpo da mesma forma que afeta as marés, e que algumas doenças pioravam durante as diferentes fases da lua.
Mas como anular esses terríveis efeitos gravitacionais? Com ímãs, claro. Seu tratamento consistia em colocar ímãs no corpo do paciente para permitir que os fluidos movimentem-se livremente.
Muitos pacientes elogiaram o tratamento, mas a comunidade médica o classificou como pura superstição. Mesmo assim, o médico contribuiu com a ciência ao descobrir sem querer o poder da sugestão e com a hipnose. A palavra “mesmerizado” vem de seu sobrenome, e significa “enfeitiçado”, “sem ação”, “fascinado”.
2. Convulsões químicas
O patologista húngaro Ladislas von Meduna observou que pessoas epiléticas raramente têm esquizofrenia. Ele também notou que epiléticos também ficam bastante calmos depois de sofrer uma convulsão. Segundo sua lógica, portanto, causar convulsões em esquizofrênicos os deixaria calmos.
Para fazer isso, ele testou vários medicamentos que causam convulsões, incluindo cafeína e absinto, até ficar satisfeito com os resultados do metrazol, uma substância que ele afirmou que curava a maioria de seus pacientes. Outros médicos alertaram que esse método era perigoso e pouco compreendido.
Até hoje, ninguém entende muito bem porque as convulsões podem ajudar a aliviar alguns sintomas da esquizofrenia, mas muitos cientistas acreditam que as convulsões liberam substâncias no cérebro do paciente que normalmente existem em quantidade muito baixa. Este tratamento, porém, não compensa, pois traz muitos efeitos colaterais perigosos.
1. Frenologia
Na virada do século XIX, o médico alemão Franz Gall desenvolveu a frenologia, uma prática baseada na ideia de que a personalidade da pessoa depende das ondulações e depressões do crânio.
Basicamente, Gall acreditava que as partes do cérebro mais utilizadas ficavam maiores, como os músculos. Consequentemente, essas áreas bombadas ocupavam mais espaço embaixo do crânio, deixando calombos visíveis na cabeça.
Ele tentou determinar quais partes do crânio correspondem a quais características da personalidade. Calombos atrás das orelhas significariam que uma pessoa é destrutiva; um morrinho no topo da cabeça significaria benevolência; depressões na nuca seriam sinais de libido alto.
No final das contas essa especialidade não fez sucesso por não conseguir tratar nenhum problema de personalidade, apenas diagnosticá-los (muito mal). No início do século XX a moda passou, e a neurosciência passou a ser dominante neste campo. [Mental Floss]
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