terça-feira, 27 de maio de 2014

Ivone Caetano é empossada como desembargadora do Tribunal do RJ

                                          Magistrada é a primeira mulher negra a ocupar o cargo no estado.


Ivone Caetano, a primeira desembargadora negra do Estado do Rio de Janeiro Foto: Gustavo Stephan / O Globo
Ivone Caetano, a primeira desembargadora negra do Estado do Rio de Janeiro Gustavo Stephan / O Globo
RIO - Primeira mulher negra a se tornar juíza do Tribunal 
de Justiça do Rio, há 20 anos, Ivone Ferreira Caetano, 
de 69 anos, titular da 1ª Vara da Infância da Juventude 
e do Idoso, agora acumula um novo aposto ao seu nome: 
o de primeira desembargadora negra do estado. Nesta 
segunda-feira, ela tomou posse na nova função numa 
solenidade muito concorrida. Mesmo prestes a se 
aposentar, em setembro, quando completará 70 anos, 
Ivone se tornou desembargadora com serenidade e foi 
bastante aplaudida no plenário do Órgão Especial do TJ, 
onde, no início da tarde, elegeu-se para o cargo após 
sete disputas nos últimos dois anos.

A juíza, que teve infância pobre e só conseguiu ingressar 
na escola de magistratura em 1994, aos 49 anos, é a 
segunda mulher negra do Brasil a ocupar o cargo. 
O magistrado Gilberto Fernandes foi o primeiro negro 
a tornar-se desembargador do Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio de Janeiro, em 1988.— É um caminho 
comum para quem entra na magistratura. Só não acho 
comum que se dê tanta pontuação ao fato de ser uma 
mulher com características físicas diferentes. Isso e
u acho grave. Há muito tempo que isso já deveria ter 
acontecido normalmente. Esse interesse é que é 
desagradável, 
tendo em vista que a minha raça há tantos anos vem sendo 
sacrificada. Em compensação, acho que pode ser um 
exemplo para que aqueles que estão chegando vejam 
que eles também podem — comentou a magistrada 
antes da posse.
Havia 16 juízes candidatos à promoção pelo critério de merecimento para a vaga do desembargador José Carlos de Figueiredo, que se aposenta. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, eram nove mulheres concorrendo ao cargo, incluindo Ivone Caetano.
Luta contra o preconceito
Filha de uma lavadeira que criou sozinha os 11 filhos, 
Ivone Caetano tem uma história de luta pela sobrevivência 
e contra o preconceito. Estudou em colégio público e 
em algumas escolas particulares e, aos 18 anos, foi trabalhar 
como digitadora do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE). Para ajudar a família, chegou a acumular 
três empregos ao mesmo tempo. A oportunidade de cursar a 
faculdade de direito, contou a desembargadora em entrevistas,
 veio aos 25 anos, depois do casamento. Só com a ajuda do
 marido pôde parar de trabalhar e dedicar-se aos estudos.
— A forma como eu cheguei foi muito difícil. Foi muito duro. O
u brigava para não ser só prego saliente ou ficava parada. 
A minha vida sempre foi assim, desde que eu nasci — l
embrou ontem.
Desde 2004 à frente a 1ª Vara da Infância, Ivone Caetano j
á atuou como juíza da infância em Belford Roxo e São 
João de Meriti. Considerada linha dura, já tomou decisões
 polêmicas. Foi a primeira magistrada a determinar a internação compulsória de menores usuários de crack que vivem nas ruas
 da cidade. E, em 2012, determinou a primeira internação 
compulsória de um adulto usuário de crack no Rio: uma mulher 
de 22 anos, grávida de oito meses.



















 em http://oglobo.globo.com/rio/ivone-caetano-empossada-como-desembargadora-do-tribunal-do-rj-12605602#ixzz32wLDLkoo 

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