Enviado especial das Nações Unidas admite dificuldades para definir quais grupos opositores vão participar das conversações em Genebra, previstas para durar seis meses.
As negociações de paz entre governo e oposição da Síria deverão começar nesta sexta-feira (29/01) e estão previstas para durar seis meses, disse nesta segunda-feira o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura.
Inicialmente previstas para começarem nesta segunda em Genebra, as negociações foram adiadas devido a divergências sobre quais grupos da oposição serão convidados, explicou o emissário, adiantando que espera enviar os convites nesta terça.
"O mandato que o Conselho de Segurança me deu é ser o mais inclusivo possível, e vou sê-lo", disse De Mistura em referência aos critérios para convidar os participantes. Ele não adiantou quem pretende convidar e disse que o debate sobre qual grupo é considerado terrorista e qual não ainda está aberto. Segundo diplomatas, Estados Unidos, Rússia e Turquia tentam influenciar a composição final.
Na quinta-feira passada foi anunciada, em Riad, a delegação opositora, composta por 17 pessoas e presidida por Asad al-Zubi, um general desertor, e tendo como negociador-chefe Mohammed Alush, líder do Exército do Islã. Justamente esse grupo é considerado terrorista pela Rússia e pelo governo da Síria.
De Mistura disse ainda que o plano é que o processo dure meio ano. A primeira parte das negociações deverá durar de duas a três semanas, depois das quais poderá haver uma pausa para os participantes consultarem as respectivas bases.
O diplomata disse ainda que, nessa fase inicial, as partes não estarão sentadas frente à frente, mas que os negociadores da ONU vão se reunir com elas em separado e intermediar as conversações.
O enviado especial da ONU destacou que a prioridade inicial é conseguir "um cessar-fogo, uma suspensão das hostilidades, uma pausa nos combates, depende de como for acordado". A luta contra os grupos terroristas Frente al-Nusra e "Estado Islâmico" não está incluída no eventual cessar-fogo.
De Mistura insistiu que um cessar-fogo é essencial para que a ajuda humanitária possa chegar a quem precisa. Alcançado o cessar-fogo, as negociações podem se dedicar a tópicos como o governo do país, uma reforma da Constituição e a realização de eleições.
A guerra civil na Síria, que começou em março de 2011 e já fez mais de 260 mil mortos e deixou milhões de deslocados, originou duas séries de negociações em Genebra, denominadas Genebra 1 e Genebra 2, que não obtiveram resultados.
Deutsche Welle
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