Biologia na Medida Certa|Luiz Fernando
Você já imaginou um país que não usasse energia não renovável como o carvão mineral, o gás natural e o petróleo, por exemplo? Pois é, isso parece papo daqueles ambientalistas meio hippies que sonham com um mundo perfeito, mas ao que parece, no ano de 2050 haverá um país assim, a Dinamarca, no norte da Europa.
No início da década de 1970 a Dinamarca sofreu muito com as flutuações do preço do petróleo. Como no país há poucas opções de energia, a nação assistiu a uma grande elevação nos custos energéticos, fazendo com que ganhasse força a idéia de que um novo rumo era necessário. A opção era a energia nuclear, porém essa fonte sempre foi alvo de oposição por parte de políticos e da opinião pública. Por conta disso, a Dinamarca começou a apostar em fontes renováveis muito antes do que outros países, ganhando a dianteira especialmente na energia eólica.
Segundo Lykke Friis, representante política dinamarquesa, até o final desta década a Dinamarca produzirá um terço de sua energia a partir de fontes renováveis, como o poder eólico, solar e queima de biomassa. Porém o projeto não para ai, até o ano de 2050 o país, segundo Friis, irá ser inteiramente alimentado por energia renovável, abandonando as fontes fósseis.
Se pararmos para pensar essa é uma estratégia de contenção de preços, pois imaginem países como a China e a Índia. Até algumas décadas atrás a maioria da população desses países vivia na miséria, mas hoje a situação está mudando, e cada vez mais os indianos e chineses querem ter seus próprios carros, por exemplo, aumentando a demanda por petróleo, o que irá ocasionar um aumento significativo nos preços dos combustíveis, haja visa o tamanho da população de China e Índia. Isso quer dizer independência em relação aos combustíveis fósseis, para que a Dinamarca não fique vulnerável a grandes flutuações no preço da energia.
PLANEJAMENTO
A questão vai além de modificar usinas ou de construir mais parques eólicos. Para começar, existe o desafio de armazenar energia renovável, para usá-la na ausência de sol e de vento. Engenheiros estudam propostas de armazenar o calor gerado pela eletricidade; de expandir o número de carros elétricos do país, com baterias recarregáveis. Mas tudo isso está em estágio inicial de desenvolvimento.
Outro desafio é a distribuição. Usinas energéticas convencionais estão localizadas nos arredores das cidades. Se plantas eólicas forem construídas em áreas marítimas mais remotas, como planejado, será necessária uma ampla rede de cabeamento para levar a energia gerada aos consumidores urbanos.
EXEMPLO
Um exemplo do empenho dinamarquês em relação às energias limpas é usina de Avedore, nos arredores de Copenhague, que produz quase mil megawatts de energia. Essa energia está sendo gerada a partir de fontes renováveis, o suficiente para abastecer 250 mil residências. Uma parte disso vem de gigantescas turbinas movidas a vento; outra vem de usinas de biomassa, que queimam feno e resíduos industriais. Avedore é administrada pela maior empresa energética dinamarquesa, a Dong Energy, que planeja fornecer toda a eletricidade do país a partir de fontes limpas.
CRÍTICAS
Bjorn Lomborg um dos amiores críticos da energia renovável no mundo lamenta o fato de seu próprio país estar comprometido com um futuro de energia baseada em vento, ondas do mar e painéis solares. Para ele construir usinas eólicas nos faz sentir bem, mas isso reduzirá o crescimento econômico, a energia verde é muito mais cara do que os combustíveis fósseis, o certo seria combater o aquecimento global abandonando o carvão, que polui muito, e adotando o gás, que polui muito menos. Lomborg alega que existe uma potencial reserva de gás de xisto no subsolo do país, mas a real extensão das reservas é desconhecida. Mas o problema é que esse tipo de gás é extraído por um processo que, para alguns, é excessivamente danoso ao meio ambiente.
Para o ministro de Energia da Dinamarca, Martin Lidegaard, o xisto não traz vantagens em relação em relação a outros combustíveis fósseis e pode também sofrer com a oscilação de preços. O risco de subida de preços de combustíveis é real. O que a Dinamarca quer é assegurar um suprimento estável de energia limpa e barata.
Do ponto de vista ambiental o que vemos é uma atitude que deveria ser seguida por todos os países, já que estamos degradando cada vez mais o ambiente, e estamos caminhando a passos largos para a nossa própria extinção. Temos o exemplo aqui do Brasil, o país está radiante com a descoberta das reservas petrolíferas do Pré-sal, considerado pela Presidente Dilma como o “cartão de embarque” que levará o país ao futuro, mas será que haverá futuro para onde possamos ir?
O compromisso dinarmarquês ainda terá que ser debatido pelo Parlamento do país. Mas, considerando que quase todos os parlamentares demonstraram apoio à medida, a tramitação deverá ser apenas uma formalidade. Depois disso, porém, é que começará o trabalho de verdade: descobrir como pôr em prática esse ambicioso objetivo.
Parte da pesquisa para elaboração do post: www.g1.globo.com
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