“O Ministério da Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde”. A frase todo mundo conhece, mas nunca é demais lembrar os malefícios que o tabaco pode ocasionar aos fumantes. O Dia Mundial Sem Tabaco será lembrado na próxima quinta-feira, 31 de maio. E o Blog da Saúde preparou uma série de matérias para frisar que o tabagismo é uma doença que pode ser evitada e tratada.
O consumo de derivados do tabaco provoca cerca de 55 doenças diferentes, principalmente as cardiovasculares, pulmonares e o câncer. O cigarro tem uma relação direta com o câncer de pulmão. Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão são de fumantes, sendo que 30% dos 10% restantes são de fumantes passivos. Além do pulmão, o tabagismo atinge a boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, estômago, fígado, colo de útero e tem relação com a leucemia e linfoma. Já há estudos mostrando que o tabagismo pode também levar ao câncer de mama.
O médico da Divisão de Controle de Tabagismo do Inca Ricardo Meirelles explica que o câncer é uma alteração celular, uma célula anômala que se multiplica e causa a doença. “O tabaco induz isso porque existem substâncias que vêm desde o plantio, desde a decomposição do fumo pela queima e outras substâncias químicas colocadas pela indústria que levam a essa alteração celular dentro do organismo do fumante, fazendo com que ele tenha uma chance enorme de ter câncer em vários órgãos”, destaca.
Só na fumaça do cigarro já foram encontradas mais de 4 mil substâncias químicas e 60 substâncias cancerígenas. Em média, o fumante dá dez tragadas por cigarro. Ou seja, se ele fumar um maço de cigarro por dia (com 20 cigarros), ele dá 200 tragadas de substâncias cancerígenas. Meirelles ressalta que a taxa de mortalidade de câncer de pulmão em mulheres no Brasil já ultrapassou a taxa da mortalidade de câncer de útero. “Isso só está acontecendo agora porque as mulheres começam a fumar posteriormente aos homens. Elas começaram a fumar realmente nos anos 1970 e 1980, e aí você tem esse intervalo de 20, 25 anos, tempo que a doença começa a se manifestar. Por isso, vemos agora no começo deste século que a taxa de mortalidade do câncer de pulmão está aumentando entre elas. E o que está sendo avaliado também é que a mortalidade dos homens está começando a estacionar e a curva das mulheres está crescendo mais acentuadamente”, explica.
Doenças cardiovasculares – Após muitas pesquisas realizadas desde os anos 1990, quando os pesquisadores começaram a estudar a relação entre as doenças cardiovasculares e o uso contínuo do tabaco, verificou-se que entre os fumantes havia uma incidência de dez vezes mais de infarto, setes vezes mais de aneurisma de aorta, e 16 vezes mais de vasculopatias.
De acordo com o chefe de serviço de cardiologia do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Maurino, o cigarro contém elementos nocivos em vários mecanismos do bom funcionamento vascular e do bombeamento do coração. “Você tem formação de substâncias que aceleram o processo da esclerose, que dificultam a recuperação pós-infarto, provoca aumento da pressão arterial e dificuldade da readaptação do coração após o infarto. E isso foi sendo demonstrado ao longo dos anos, ao mesmo tempo em que se mudava a política de combate à cultura do uso do tabaco”, diz.
Maurino lembra que fora as doenças cerebrovasculares, o infarto agudo é uma das principais causas de mortalidade no Brasil. “A gente tem a mortalidade cardiovascular no Brasil muito alta, desbancando as doenças infecciosas também. O cigarro tem muito a ver com isso, com um alento: aqueles que sofreram um infarto, tiveram a necessidade de fazer angioplastia ou uma cirurgia de vascularização. Os que abandonam o fumo, a cada ano, reduzem o seu risco maior quase que depois de alguns anos igualando àqueles que não fumam”, afirma.
Doenças pulmonares – Enfisema pulmonar, bronquite crônica, neoplasia, falta de ar, tosse, expectoração e câncer de pulmão. Essas são algumas das doenças pulmonares causadas pelo uso contínuo do tabaco. Segundo a pneumologista do Grupo Hospitalar Conceição Carla Tatiana, as conseqüências pulmonares decorrentes do cigarro começam a surgir a partir dos 50 anos de idade. “Nós temos muito pacientes com mais de 70 anos, porque os problemas só aparecem depois de muito tempo de uso do cigarro. Trato pacientes que começaram a fumar há 30, 40 anos”, diz.
A pneumologista explica que o paciente fumante pode ter mais risco de ter infecção respiratória, porque o cigarro diminui o batimento dos cílios pulmonares e, com isso, o paciente fica com menor imunidade e mais exposto a infecções comuns, como resfriado e rinite. “A enfisema e a bronquite fazem parte da 5ª causa de internação e de morte no Brasil. Por isso, precisamos focar na população mais jovem para que eles não tenham a iniciação do tabaco. Além disso, as pessoas que já têm enfisema, bronquite, precisam parar de fumar. Nunca é tarde para parar de fumar”, finaliza Carla.
Mônica Plaza / Blog da Saúde
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