sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ativista cego chinês desafia Pequim e foge após 19 meses em prisão domiciliar - Bem Paraná


Chen Guangcheng pode estar na embaixada americana; ele diz ter ido à capital

27/04/12 às 22:16
 Das agências internacionais
Mantido sob estrita vigilância em sua casa havia 19 meses, um dos mais proeminentes ativistas políticos da China conseguiu escapar no domingo (22), à noite e esconder-se em um lugar desconhecido da capital, no mais recente episódio a constranger as autoridades de Pequim.
Organizações de defesa de direitos humanos disseram que Chen Guangcheng foi deixado em um local "seguro", o que estimulou rumores de que eles estaria na Embaixada dos EUA em Pequim. Se a informação for confirmada, esse será o primeiro caso de um dissidente político chinês que busca abrigo na representação diplomática americana desde a repressão aos protestos na Praça Tiananmen, em 1989.
Em vídeo divulgado nesta sexta-feira (27), Chen Guangcheng pediu diretamente ao primeiro-ministro Wen Jiabao que intervenha a seu favor, proteja sua família e puna as autoridades da Vila Dongshigu, na Província de Shandong, responsáveis por sua detenção. Cego e advogado autodidata, Chen ganhou notoriedade ao defender milhares de mulheres vítimas de abusos cometidos em nome da política de controle de natalidade em sua região, incluindo abortos e esterilizações forçadas. Em junho de 2006, ele foi sentenciado a 4 anos e 3 meses de prisão sob a acusação de "perturbar o trânsito".
O ativista cumpriu a pena até o fim, mas não ganhou liberdade: foi posto em prisão domiciliar e proibido de receber visitas, falar ao telefone ou usar a internet. A detenção era considerada ilegal por advogados e entidades de defesa dos direitos humanos, que ressaltavam o fato de ela não ter base em nenhuma decisão judicial ou acusação formal contra Chen. Apesar disso, a prisão tinha o apoio implícito do governo central, que nunca interveio no caso.
A fuga de Chen foi anunciada poucos dias antes do Diálogo Econômico e Estratégico, que reunirá em Pequim autoridades chinesas e americanas, entre as quais a secretária de Estado, Hillary Clinton. Se a informação de que o ativista está na representação diplomática dos EUA for confirmada, isso agravará a tensão no relacionamento entre os dois países e colocará Washington em uma situação delicada.
Para Pequim, o caso representa mais um episódio de constrangimento político, depois do recente afastamento de um dos principais líderes do Partido Comunista, Bo Xilai, em um caso que envolve acusações de homicídio, abuso de poder e corrupção.

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