quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Sociedade contra a dengue

O Poder da Prevenção 1
A combinação do crescimento desordenado dos centros
urbanos com a expansão da indústria de materiais não
biodegradáveis e o aquecimento global produz uma certeza
preocupante: é impossível, a curto prazo, erradicar o mosquito
Aedes aegypti, transmissor da dengue. Por outro lado, é possível
evitar o nascimento de novos Aedes aegypti e, conseqüentemente,
o avanço da doença. Basta que se eliminem os criadouros onde
as fêmeas do mosquito colocam ovos para reprodução: pratinhos
de vasos de plantas, pneus, garrafas destampadas e outros
recipientes com água parada.
A dengue está relacionada ao saneamento doméstico. No
Brasil, cerca de 90% dos focos do mosquito encontram-se nas
residências. Os principais sintomas da doença são febre alta e
súbita, dores na cabeça e no corpo. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a dengue acomete anualmente 80
milhões de pessoas em 100 países de todos os continentes, exceto
a Europa. Ainda segundo a OMS, por ano, cerca de 550 mil
doentes necessitam de hospitalização, e 20 mil morrem em
conseqüência da dengue.
A reprodução do Aedes aegypti ocorre da seguinte
mane i ra: os ovos colocados pe la f êmea na par ede do
recipiente transformam-se em larvas quando em contato com
a água. Se os ovos forem postos por fêmeas infectadas, podem
carregar o vírus e gerar mosquitos capazes de continuar
infectando a população.
A reprodução se completa, em média, sete dias após a
postura, dependendo de uma série de fatores, como a temperatura
e a quantidade de matéria orgânica disponível na água. O tempo6
de vida do mosquito é de pouco mais de um mês. Portanto, a
melhor arma contra a dengue é a mobilização de toda a sociedade
para barrar a reprodução do vetor. Ou seja, enquanto se evita o
nascimento de novos Aedes aegypti, outros vão morrendo após
30 dias de vida.
Já quando o ovo não entra em contato com a água,
e l e p e r m a n e c e n o r e c i p i e n t e m e s m o q u a n d o e s t e é
transportado para outro lugar, como no caso dos pneus. Por
força de suas características, o transmissor da dengue espalhouse por uma área onde vivem cerca de 3,5 bilhões de pessoas
em todo o mundo, embora ele se locomova num raio não
superior a 100 metros e tenha vida curta. Nas Américas, está
presente desde os Estados Unidos até o Uruguai, com exceção
apenas do Canadá e do Chile, por razões climáticas e de
altitude. Originário das margens do Rio Nilo, o mosquito da
dengue recebeu um nome científico cuja tradução não poderia
ser mais apropriada: Indesejável do Egito.
É u m i n s e t o u r b a n o , c u j a f ê m e a s e a l i m e n t a
essencialmente de sangue humano. É escuro, com faixas
brancas . No tor so, t em um de s enho em forma de l i ra
(instrumento musical). Nos insetos mais velhos, o desenho some
e aparecem dois tufos de escamas branco-prateadas. É fácil
identificar suas larvas: sob o foco de um feixe de luz (uma
lanterna, por exemplo), dá para vê-las se locomovendo
rapidamente, em busca de abrigo no fundo do recipiente.
Ninguém pega dengue por contato físico, secreções,
alimentos ou qualquer outra forma de transmissão que não
seja a picada do Aedes aegypti. Já foram identificados quatro
sorotipos distintos do vírus: 1, 2, 3 e 4. Todos produzem
infecção e se manifestam, inicialmente, de forma semelhante.
Além de febre e dores no corpo, são comuns as sensações
de cansaço, falta de apetite e, por vezes, náuseas e vômitos.
Podem aparecer manchas vermelhas na pele (isso costuma
induzir a erros de diagnóstico, pela semelhança com o7
sarampo ou a rubéola) e coceiras no corpo. Às vezes, ocorre algum
tipo de sangramento, em geral no nariz ou nas gengivas. O
diagnóstico inicial de dengue é clínico (história + exame físico da
pessoa). A comprovação é feita por exame laboratorial, que
apresenta resultados seguros depois do quinto dia da doença.
Não existe medicação específica para o tratamento da
dengue. O doente deve permanecer sob observação médica,
manter repouso e ingerir muito líquido. Em alguns casos é
recomendada a hidratação por soro.
O Aedes aegypti foi considerado erradicado no Brasil em
duas ocasiões, nas décadas de 50 e de 70. Mas esse resultado
não foi obtido em outros países do continente americano, como
os Estados Unidos e a Venezuela, mantendo o Brasil sob permanente
risco de reinfestação. Nos anos de 1986 e 1987, ocorreu um
grande surto de dengue no Brasil, o primeiro a cruzar as divisas
estaduais, atingindo principalmente as populações de Alagoas,
do Ceará e do Rio de Janeiro.

Nenhum comentário: