Secretaria de Educação adia prazo para emissão de pelo menos 280 cartões.
Maria Luisa de Melo – Jornal do Brasil – Sem o cartão de passagem que dá acesso gratuito aos estudantes nos ônibus do estado do Rio de Janeiro, uma parcela da rede estadual de ensino só consegue ir e voltar do colégio pedindo carona aos motoristas. O problema, segundo os jovens, é que muitos condutores se negam a deixá-los, mesmo uniformizados, entrarem pela porta traseira. A maioria cobra passagem.
Denúncias sobre o problema chegaram ao Jornal do Brasil este mês. No Colégio Estadual Vilma Atanázio, em Campo Grande, na Zona Oeste, e também no Colégio Estadual Presidente Dutra, localizado em Seropédica, na Baixada Fluminense, os alunos contam que receberam informações da Secretaria estadual de Educação (Seeduc) de que o material para confeccionar o cartão estava em falta.
Procurada para esclarecer o problema ao longo da semana passada, a Secretaria informou que a questão estaria sanada até o última sexta-feira (17). Nada foi resolvido. Nesta terça (21), a Seeduc fez nova promessa: os cartões devem ficar prontos até o fim deste mês. Faltam apenas dez dias para o mês acabar.
“Material foi usado de forma errada”
Sobre a falta de material para fazer o cartão de passagem, a Seeduc informou que não contava com o serviço da Riocard nem da Fetranspor. A própria Seeduc tinha a responsabilidade de fabricar os cartões. No entanto houve mau uso da matéria-prima e o material comprado foi usado para confeccionar carteirinhas de estudante. O que chama atenção é que a Seeduc não fabrica carteirinhas de estudante com tal plástico.
“Foi um erro de gerenciamento da Seeduc mesmo. A Secretaria não fornece carteirinha de estudantes. Fornece apenas carteira de transporte”, diz trecho de nota enviada ao JB. Diante deste problema, no entanto, um acordo foi firmado entre a Fetranspor, o Riocard e a Seeduc e os cartões passam a ser feitos pelas duas empresas.
Alunos estão cansados de esperar
Estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio estadual Presidente Dutra, em Seropédica, Danrley Carvalho Oliveira, 18 anos, é um dos que está há seis meses sem o cartão de passagem. Filho de uma manicure, ela aponta dificuldade de custear sua passagem diariamente. “A empresa Real Rio estava deixando os estudantes a pé, não aceitava nem as declarações do colégio. É impossível chegar no colégio deste jeito. Quase todos os alunos do Colégio Dutra estão sem Riocard. Até quando esta situação vai durar?”, reclama.
Outra aluna, Maria Ferreira (nome fictício a pedido da estudante), 16 anos, que cursa o 1º ano do Ensino Médio, conta que já pediu inúmeras vezes à direção do C.E. Vila Atanázio que cobre seu cartão à Seeduc. A informação é sempre a mesma: “a escola aguarda a emissão por parte da Secretaria”.
“Alguns motoristas me deixam entrar no ônibus sem pagar porque estou uniformizada, mas a maioria me cobra a passagem”, reclama. Sua mãe, que preferiu não se identificar, conta que a despesa com a passagem da filha gira em torno de R$ 120 mensais. Ou seja, quase 18% de seu salário de cozinheira.
“Eu não tenho mais como pagar passagem do meu bolso. Quando a minha filha era aluna da Prefeitura, no Ensino Fundamental, o cartão existia e funcionava sem problemas. Não quero tirar minha filha da escola, mas a minha despesa com o transporte é uma fatia importante do meu salário. Tá difícil mantê-la em sala de aula”, conta a mãe.
Pelo menos 280 alunos aguardam RioCard
Segundo dados da Secretaria estadual de Educação, o número de alunos dos colégios Vilma Atanázio e Presidente Dutra que ainda estão sem RioCard chega a 280. Sendo cem da unidade de educação de Campo Grande e outros 180 de Seropédica.
Fonte da informação: Jornal do Brasil
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