O Presidente Michel Temer negou nesta sexta-feira (24), por meio de
nota, ter participado de episódio envolvendo uma suposta entrega de
dinheiro ilícito no escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor do
presidente (leia a íntegra da nota ao final desta reportagem).
A nota foi divulgada após o teor do depoimento de Yunes à
Procuradoria-Geral da República ter sido divulgado pela
imprensa.
À PGR, ele disse que recebeu “documentos” do doleiro Lúcio
Funaro a pedido do atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu
Padilha, durante a campanha presidencial de 2014.
Mas, segundo delação premiada do ex-vice-presidente de
Relações
Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, havia dinheiro no
envelope. Yunes disse desconhecer o conteúdo do envelope,
entregue no escritório dele, segundo afirmou, a pedido de Eliseu
Padilha e retirado posteriormente por um emissário.
Cláudio Melo Filho afirmou na delação que, em um jantar no Palácio
do Jaburu, Temer solicitou ao então presidente da empreiteira Marcelo
Odebrecht pagamento ao PMDB. O valor solicitado, segundo o
delator, era de R$ 10 milhões. Parte desse valor deveria ser
entregue a Padilha.
De acordo com o delator, Yunes recebeu em seu escritório, em dinheiro
vivo, R$ 4 milhões que seriam a parte que cabia a Padilha do valor
acertado entre Temer e Marcelo Odebrecht. Após a revelação do
conteúdo da delação de Melo, em dezembro, José Yunes pediu
demissão do cargo de assessor especial da Presidência.
Segundo a nota da Presidência, Temer afirma que, quando presidente
do PMDB, pediu “auxílio formal e oficial” à Odebrecht. Ele diz ainda
que “não autorizou, nem solicitou que nada fosse feito sem amparo
nas regras da Lei Eleitoral”.
De acordo com o Planalto, a construtora doou R$ 11,3 milhões ao
PMDB em 2014 e, segundo a assessoria do presidente, todo o valor foi declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Padilha
Citado por José Yunes e Cláudio Melo Filho, o ministro-chefe da Casa
Civil deve ser alvo de pedido de abertura de inquérito nos
próximos dias.
O pedido de investigação deve ser enviado pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal após o
carnaval.
Procurada pelo G1, a assessoria de Padilha disse que o ministro
não vai se pronunciar sobre a fala de Yunes.
A TV Globo apurou que a PGR já iria pedir a abertura de inquérito
antes mesmo do depoimento de Yunes, devido aos depoimentos dos
delatores da Odebrecht. O pedido, agora, deve incluir a fala de José
Yunes à Procuradoria.
Nota
Leia abaixo a nota divulgada pela Presidência da República:
Nota à Imprensa
Quando presidente do PMDB, Michel Temer pediu auxílio formal e
oficial à Construtora Norberto Odebrecht. Não autorizou, nem solicitou
que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral.
A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo
declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral.
É essa a única e exclusiva participação do presidente no episódio.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da
República.
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