Por Mariana Serafini, no Portal Vermelho – Na noite desta quarta-feira (22) o senador pelo PSDB de São Paulo enviou uma carta ao presidente Michel Temer para solicitar sua saída do ministério. No documento ele alegou problemas de saúde e se disse “honrado” em desempenhar este papel, mesmo que por curto período.
Na visão do professor de Relações Internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser, a atuação de Serra no ministério foi um completo fracasso. “Ele apostou tudo quando entrou, mas não tem política externa nenhuma. Fez uma série de discursos para agradar um público de direita, falou mal do Foro de
São Paulo, da Venezuela, mas nunca teve nada, não elaborou
nada.”
Serra deixa o ministério depois de fracassar em sua investida contra
a Venezuela no Mercosul, não conquistar a aproximação desejada
com os Estados Unidos, ainda mais sob o comando de Donald Trump,
e perder o protagonismo no Brics.
Na questão da Venezuela, Serra mostrou que não tem habilidade
diplomática ao ser o pivô de um complô mal feito. Depois de uma
série de investidas ruins, conquistou o voto dos demais países do
bloco para expulsar Caracas. Porém, nesta semana, o Parlamento
do Mercosul rejeitou, por unanimidade, a proposta dos chanceleres e
vai recorrer junto ao Tribunal competente para manter o país de
Nicolás Maduro.
Após protagonizar o processo de entrega da exploração do pré-sal
ao mercado externo, o ex-ministro também não conseguiu manter
a prometida aproximação com os Estados Unidos. E na América
Latina, conquistou parceria apenas com a Argentina, sua aliada
ideológica.
Se o objetivo do tucano, no ministério, era fazer palanque, também
não foi bem-sucedido. Depois de uma série de discursos exagerados,
sem base para execução, perdeu a atenção da imprensa e dos
aliados políticos. “Talvez ele tenha pensado que teria mais fôlego
para fazer do Ministério das Relações Exteriores um palanque, criar
factoides em torno da questão da esquerda na América Latina, mas
são discursos que não têm durabilidade. Ele não tem um projeto e
desmontada rapidamente após o golpe contra Dilma Rousseff. “O
Brasil se isolou, só tem aproximação com países de semelhança
ideológica, como a Argentina, mas não tem mais uma presença na
América Latina, nem no mundo.” Ele destaca que o Brasil foi
protagonista da integração continental e teve atuação fundamental
no Brics, mas agora perdeu espaço.
Para Nasser, a atuação de Serra no ministério está muito ligada à
má administração do governo de Temer. “A perda de protagonismo
do Brasil é um fracasso do governo Temer. O Serra é um dos
representantes disso. Mas não significa que se entrar uma pessoa
mais articulada vai mudar o cenário agora, depende do governo.”
Se o objetivo de Serra era trilhar um caminho para o executivo nas
eleições de 2018, certamente o Ministério das Relações Exteriores
não lhe proporcionou o espaço necessário depois deste isolamento
político. “É o perfil do Serra sempre olhar para a frente do lugar onde
ele está. E [no ministério] ele não apresentou nada. Só fez discursos
e gafes.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário