quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Após temporal, Rio tem saques, assaltos e milhares de desalojados




Nova Iguaçu e Japeri, na Baixada Fluminense, decretaram calamidade.
Duas pessoas morreram em razão das enchentes; transporte foi prejudicado.

Do G1 Rio
O temporal que atingiu o Rio de Janeiro entre a noite de terça (10) e a manhã desta quarta-feira (11) alagou ruas, isolou moradores, provocou saques e colocou a capital em alerta para risco de deslizamentos. Mais de 2 mil famílias estão desalojadas no estado. Duas pessoas morreram. O mau tempo fechou aeroportos, paralisou linhas de trens e do Metrô e prejudicou o trânsito.
Nova Iguaçu e Japeri, na Baixada Fluminense, decretaram estado de calamidade pública. Também foram atingidos os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Mesquita, São Gonçalo e São João de Meriti.
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No estado, 2.050 famílias estavam desalojadas (tiveram que deixar suas casas) até as 20h desta quarta, informou o governo: 200 em Nova Iguaçu, mil em Japeri, 800 em Queimados, e 50 em Mesquita. Ao todo, 49 estavam desabrigadas (perderam suas casas).
O pedreiro Martinho da Silva, 50, caiu em um rio em Nova Iguaçu e desapareceu. Na noite desta quarta, o corpo de um homem foi encontrado na cidade boiando no Rio das Botas, mas ainda não foi identificado. O corpo de um rapaz de 18 anos foi encontrado em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, por volta das 19h45 desta quarta-feira. Segundo a Prefeitura, Neilson Viana Ribeiro teria caído durante a manhã no rio que passa pela região.
Segundo o secretário de Defesa Civil estadual, Sérgio Simões, Nova Iguaçu teve o maior índice pluviométrico do estado depois da capital. "A recomendação é que as pessoas não transitem nas áreas alagadas e que permaneçam em locais seguros”, afirmou.
A presidente Dilma Rousseff ligou para o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes para oferecer ajuda federal. Cabral pediu itens básicos para a população, como água potável, colchonetes e cestas básicas.
Paes chegou a pedir que ninguém saísse de casa. "Vamos apurar o que causou todos esses alagamentos", disse. O prefeito afirma que houve "dificuldade de drenagens em áreas que fazem limites entre a Zona Norte e a Baixada Fluminense".
Em Acari, mulher reza dentro de casa com água na altura da cintura (Foto: Bruna NotaRoberto/Arquivo Pessoal)Em Acari, mulher reza dentro de casa com água na
cintura (Foto: Bruna NotaRoberto/Arquivo Pessoal)
Ilhados
Em Coelho Neto, na Zona Norte do Rio, moradores relataram momentos de desespero durante as enchentes na madrugada. "Um primo que mora lá embaixo me pediu socorro e tivemos que usar o jet ski para tirá-lo de casa", afirmou Hildo Nascimento, que mora há mais de 20 anos no Acari.
Durante a manhã, o alagamento de várias vias na capital impediu a saída de centenas de pessoas para o trabalho. Internautas enviaram imagens e vídeos das regiões alagadas ao G1.
Na capital, segundo o Centro de Operações Rio, os bairros mais atingidos foram Tanque, Piedade, Anchieta, Madureira e Irajá. Em Realengo, duas pessoas ficaram feridas em um desabamento. A Defesa Civil registrou ao menos 320 chamados relacionados à chuvas.
Vias importantes ficaram obstruídas, como a Avenida Brasil, que ficou alagada durante todo o dia, e a Avenida Radial Oeste, no Maracanã. O entorno do estádio ficou alagado.
Assaltos e saques
Moradores revoltados com os estragos do temporal fecharam as duas pistas da Via Dutra em Queimados, atearam fogo a pneus e outros objetos.
Um caminhão parado teve a carga saqueada. Assaltantes aproveitaram o engarrafamento para assaltar motoristas parados. (Assista no vídeo ao lado)
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, informou que o policiamento na Via Dutra será reforçado com policiais federais para conter os saques.
Avenida Brasil completamente alagada em Irajá. Jovens saqueiam caminhão dos frangos. (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)Jovens saqueiam caminhão dos frangos na Avenida Brasil, em Irajá. (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)
Área alagada na Avenida Brasil, na altura de Irajá, na Zona Norte do Rio de Janeiro (Foto: Marcello Bacellar Ribéra/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)Avenida Brasil, altura de Irajá, na Zona Norte (Foto: Marcello Bacellar Ribéra/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Transtornos
A cidade entrou em estágio de alerta às 4h50 e passou para o de atenção por volta das 11h. Diversos bairros ficaram sem energia elétrica. As sirenes de alerta para deslizamentos soaram em 48 comunidades (ouça a sirene no Morro dos Macacos), para alertar os moradores de que deveriam deixar suas casas.
Em algumas regiões, como Madureira e Piedade, choveu mais entre 0h e 10h do que o esperado para o mês de dezembro.
Segundo o Centro de Operações Rio, em Irajá, subúrbio da cidade, choveu 164 milímetros em 10 horas. O esperado para o mês na região eram 150,3 milímetros.
A sede da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Jardim América, Zona Norte, ficou alagada. Diversas viaturas da corporação ficaram encobertas pela água.
O canal Meriti transbordou em Vicente de Carvalho, Zona Norte. A estação de trem de Olaria ficou fechada pelo acúmulo de água. Bueiros estouraram na mesma região.
O Metrô registrou alagamento nos trilhos e precisou fechar cinco estações da Linha 2, que liga Pavuna a Botafogo. O teleférico do Morro do Alemão ficou fechado por aproximadamente uma hora.
Moradores fazem um multitrão para desobistruir um corrego que corta Santa Rita que estava cheio de moveis levado pela chuva. (Foto: Cléber Júnior/ Extra/O Globo)Moradores fazem um mutirão para desobstruir um córrego em Nova Iguaçu (Foto: Cléber Júnior/ Extra/O Globo)
 

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