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Centauros são pequenos objetos gelados que orbitam de forma bastante instável a região entre Júpiter e Netuno. A primeira vez que um desses corpos foi observado foi em 1920 e recebeu o nome de 944 Hidalgo. Naquela ocasião, acreditava-se que Hidalgo fosse um corpo único e maciço, mas observações posteriores mostraram que se tratava de uma série de objetos isolados formando uma população.
O primeiro centauro isolado foi observado somente em 1977 e recebeu o nome de 2060 Chiron. Atualmente, existem cerca de 40 mil objetos centauros, o maior deles - 10199 Chariklo - com 260 km de comprimento.
O problema da identificação precisa dos centauros é que eles têm características que se assemelham aos asteroides e cometas, ou seja, uma espécie de dupla personalidade, por isso receberam a designação da figura mitológica do Centauro, uma mistura de homem e cavalo.
Até agora, nenhum desses estranhos objetos foi fotografado de perto, embora se acredite que lua saturniana Phoebe, estudada pela sonda Cassini em 2004 seja um centauro capturado pela gravidade do planeta.
Novos Estudos
Agora, um novo artigo publicado no periódico Astrophysical Journal pode trazer as primeiras informações que faltavam para a identificação concreta dos Centauros. O trabalho foi realizado a partir de dados coletados pela missão WISE, da Nasa, e segundo o autor do paper os objetos têm origem cometária, com ponto de origem fora do Sistema Solar.
"Origem cometária significa que um objeto é feito dos mesmos materiais dos cometas. Eles podem ter sido ativos no passado e podem voltar a ser ativos no futuro", disse o astrofísico James Bauer, autor do estudo e ligado ao Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa.
Bauer sustenta sua afirmação com dados coletados pela maior pesquisa em infravermelho feita até hoje dos centauros e também dos seus primos mais distantes, conhecidos como "Objetos do Disco Disperso".
Cores e Refletividade
As imagens captadas pela missão NEOWISE, parte da missão WISE responsável em mapear asteroides, registrou 52 centauros e objetos dispersos e revelou dados até agora desconhecidos sobre o albedo ou a refletividade desses corpos, o que permitiu a Bauer e sua equipe determinarem se um centauro tem superfície fosca ou brilhante.
As imagens captadas pela missão NEOWISE, parte da missão WISE responsável em mapear asteroides, registrou 52 centauros e objetos dispersos e revelou dados até agora desconhecidos sobre o albedo ou a refletividade desses corpos, o que permitiu a Bauer e sua equipe determinarem se um centauro tem superfície fosca ou brilhante.
As peças do quebra-cabeça se encaixaram quando os cientistas combinaram a informação do albedo registrada pelo WISE com o que já se sabia sobre as cores desses objetos, que mostravam que geralmente os centauros são azul-acinzentados ou avermelhados.
Segundo o pesquisador, um objeto azul-acinzentado pode ser um asteroide ou cometa, mas os dados da NEOWISE revelaram que a maior parte dos objetos é azul-acidentado, uma assinatura típica dos cometas. De acordo com Bauer, asteroides apresentam tons tipicamente avermelhados.
Cometas Escuros
"Os cometas têm um revestimento escuro, uma espécie de fuligem sobre suas superfícies geladas, tornando-as mais escuras do que a maioria dos asteroides", disse o coautor do estudo, Tommy Grav, ligado Instituto de Ciência Planetária de Tucson, Arizona. "A superfícies cometárias tendem a ser mais parecidas com carvão, enquanto as dos asteroides são geralmente mais brilhantes".
O resultado do estudo também indica que cerca de dois terços da população dos centauros é formada por cometas e tinham como ponto de origem os confins gelados além do Sistema Solar, embora não deixe claro se o resto dos objetos são asteroides.
Como a órbita dos centauros é bastante instável e sofre fortemente com os efeitos da gravidade dos gigantes gasosos, é possível que em algumas ocasiões eles sejam lançados para fora do Sistema Solar ou em direção ao Sol, o que sublimaria o gelo de sua estrutura tornando-os novamente ativos.
Artes: no topo, a figura mitológica do Centauro - metade homem, metade cavalo - é usada para representar a população dos misteriosos objetos entre as órbitas de Júpiter e Netuno. Acima, gráfico mostra em cor laranja a localização dos objetos centauros e em verde a localização do Cinturão de Kuiper, além da orbita de Netuno. Créditos: Nasa/JPL, Apolo11.com.
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