Rio - Representantes da
Defensoria Pública do Estado se reuniram, na tarde desta terça-feira,
com moradores no Morro do Fallet para ouvir os relatos sobre a operação
da Polícia Militar, que terminou com 15 suspeitos mortos, na última
sexta-feira, na comunidade e nos morros da Coroa, Fogueteiro e Prazeres,
em Santa Teresa e no Catumbi, na Região Central da cidade.
De acordo com a Defensoria, sete pessoas foram mortos
dentro de uma casa, dois irmãos em outra e outros dois irmãos numa
terceira casa, todas no Fallet. Um outro homem foi morto na comunidade
do Fogueteiro e mais um nos Prazeres. No domingo, dois foram encontrados
na mata. "Quinze pessoas mortas numa operação policial não pode ser
comemorado, precisa ser apurado e investigado como foi esse
procedimento", declarou o ouvidor da Defensoria, Pedro Strozemberg.
Com associação de moradores lotada, famílias
denunciaram que os policiais torturam os suspeitos. Eles relatam que
encontraram além dos tiros marcas de facadas pelo corpo. "Os meus filhos
tinham todo o direito de serem julgados pela justiça. Eles tinham esse
direito. Tiraram o direito do meus filhos de viver, mas não vão tirar de
mim a força de lutar", afirmou uma mãe ao RJ2, da TV Globo.
"Todos os moradores, que estavam presentes, ali no
momento falam que já estavam todos rendidos e só escutavam os rapazes
pedindo socorro, que 'não me matem', entendeu?!", disse outro ao
telejornal.
A Defensoria vai acompanhar as investigações da Polícia
Civil e do Ministério Público do Estado (MPRJ), além de dar apoio para
as famílias.
O caso está sob responsabilidade da
23ª Promotoria de Investigação Penal, que está sendo auxiliada pelo
Gaesp. O grupo vem recebendo informações, desde sexta-feira, que irão
ajudar na investigação sobre a ação da PM.
De acordo com a corporação, o objetivo da operação era a
disputa de facções pelo tráfico local. Na sexta-feira, a corporação
informou, que a partir de denúncias e informações do Setor de
Inteligência, foi feito vasculhamento em alguns pontos da comunidade do
Fallet e policiais do BPChq haviam sido recebidos a tiros, o que teria
causado confronto.
A Delegacia de Homicídios (DH) abriu cinco inquéritos para investigar as mortes nos morros dos Prazeres e Fallet.
Parlamentares divergem sobre ação da PM na Alerj
Em seu discurso na Alerj nesta terça-feira, a deputada
estadual Renata Souza (Psol), criticou diretamente a proposta do
deputado Rodrigo Amorim (PSL) de homenagear os militares envolvidos na
operação."Policiais não são justiceiros, são homens do estado a serviço
da civilização e não da barbárie. Justiça não pode ser confundida com
vingança", disse.
"Uma polícia que mata fora dos limites estabelecidos
pelas leis, trai o estado de direito. É preciso concluir as
investigações antes de prestar qualquer homenagem. O fato ainda está
sendo apurado", explicou Renata.
Amorim propôs uma moção de congratulações e aplausos na
Casa para os militares. No ano passado, ainda em campanha eleitoral, o
parlamentar quebrou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco,
que foi executada ao lado do motorista Anderson Gomes em março. O
governador do estado Wilson Witzel e o deputado federal Daniel Silveira
também participaram do ato em Petrópolis.
"Foi uma ação precisa. Os policiais devolveram a paz ao local", afirmou Amorim. "Eles apreenderam armas e drogas", completou.
Sobre os possíveis abusos da PM, Rodrigo que toda ação é
passível de investigação. "Sou um legalista, sou a favor de toda
apuração, mas é preciso reconhecer a atividade policial. A polícia
sempre terá meu apoio."
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2019/02/5619520--quinze-mortos-em-uma-operacao-policial-nao-pode-ser-comemorado---diz-ouvidor-da-defensoria.html?fbclid=IwAR22lmmBS_y-Z2jWlg0M9bqh5V_dNp36euyjVUhBgH4imXCe4r0FYUx_0WE#foto=1
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