Vacinação pode começar em 2018; testes feitos nos EUA mostraram resultados positivos, seguros e sem efeitos colaterais para os pacientes
por Murilo Roncolato
Aedes aegypti, o transmissor da dengue (Foto: Wikimedia Commons)
Em 2018, a essa mesma hora, postos de saúde brasileiros poderão estar repletos de gente interessada em se vacinar contra a dengue. Isso será possível se os testes realizados atualmente pelo Instituto Butantan, em parceria com a Universidade de São Paulo, correrem bem. A primeira bateria de testes em humanos acontece nesta semana, mas será necessário o sucesso em outras duas etapas. Se a Anvisa aprovar a vacina, a doença, que hoje representa um caso endêmico no Brasil, poderá ser um dos menores dos problemas da saúde pública nacional.
Em desenvolvimento desde 2006 nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, onde já foi testada em cerca de 600 pessoas, a vacina (na verdade, os vírus) está desde 2010 nas mãos dos pesquisadores brasileiros que esperam aplicá-la em uma dose única, que seria suficiente para combater os quatro tipos da doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti. O vírus atenuado (modificado) será inoculado no paciente, vítima anterior da doença ou não, e causará a produção dos anticorpos necessários.
Os testes feitos nos EUA mostraram resultados positivos, seguros e sem efeitos colaterais para os pacientes, apesar da observação de dores de cabeça e dor no local da aplicação. Os testes a serem realizados no Brasil têm maior importância por se tratar de um país que sofre a endemia da doença. Aqui, vacinas serão aplicadas em voluntários sem histórico da doença, mas também ineditamente em pessoas que já a contraíram, sem a expectativa de que haja qualquer risco para estes.
Por aqui, os testes serão feitos primeiramente em 50 pessoas na cidade de São Paulo, sem histórico de dengue, nos quais serão aplicadas duas doses com um intervalo de seis meses. Em seguida, serão 250 voluntários em São Paulo e no interior, em Ribeirão Preto (onde se localiza uma das faculdades de Medicina da USP), que já tenham contraído a doença. Nestes, será aplicada apenas uma dose concentrada. A terceira fase será composta por pessoas de diferentes regiões do País, com idades diversas. Só depois dos resultados deste teste, a vacina poderá receber aprovação e começar a ser distribuída. A previsão é de que isso aconteça em até cinco anos.
“Essa previsão pode ser até otimista demais, sabia?”, diz Roberto Sena Rocha, diretor da Fiocruz de Minas Gerais, que acha que a vacina só chega em 2018 “se as coisas andarem muito bem”. Rocha explica que o processo de aprovação de uma vacina é demorado e uma etapa do teste não se inicia sem a anterior ter sido concluída e, por isso, as avaliações podem levar bastante tempo. “Quem for distribuir tem de ter todas as garantias de que isso pode ser largamente aplicado na população. Para isso, é preciso fazer os testes e acompanhar as pessoas envolvidas por bastante tempo.”
Segundo o pesquisador, isso evita a existência de efeitos colaterais não previstos e também é fundamental para a determinação do prazo de validade e se será necessário reforço, ou seja, novas aplicações a serem feitas periodicamente. Sobre a viabilidade econômica da vacina, o diretor da Fiocruz explica que antes mesmo de se dar prosseguimento a uma pesquisa dessa natureza, estudos de viabilidade já são feitos, inclusive com estudos de público-alvo, e que se a vacina já está em testes ela provavelmente será viável de ser distribuída em massa quando chegar a hora.
“Isso é um problema quando se trata de empresas privadas, pois se a doença afeta pouca gente, e ainda se essa pouca gente tem pouco poder aquisitivo, eles simplesmente não fazem o remédio. É aí que entra o Estado”, diz.
Independente do prazo e do preço, para Rocha, o importante é que a vacina chegue à população. “A Dengue é um dos problemas mais graves hoje no Brasil. Ela mata. Uma epidemia de dengue gera caos, trata-se de um problema muito sério de saúde pública”, avalia.
Calcula-se que nos últimos 50 anos, a incidência da doença aumentou em cerca de 30 vezes. Atualmente, conta-se algo em torno de 50 milhões de casos de infecção por ano. Só entre março de 2012 e 2013, o número de casos praticamente triplicou no Brasil, passando de 204 mil para 70 mil, sendo os estados mais afetados o Mato Grosso do Sul (42 mil casos), Minas Gerais (35 mil), Goiás (27 mil), São Paulo (21 mil) e Rio de Janeiro (15 mil). Considerando os Estados com endemia (300 casos para cada 100 mil habitantes), fazem parte da lista o Mato Grosso do Sul, Goiás, Acre, Mato Grosso, Tocantins e Espírito Santo.
A dengue é endêmica hoje em mais de 100 países distribuídos pela África, o sudeste asiático, as Américas e países localizados a oeste do Mediterrâneo e no Pacífico Ocidental. Veja o número de casos neste mapa.
Em desenvolvimento desde 2006 nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, onde já foi testada em cerca de 600 pessoas, a vacina (na verdade, os vírus) está desde 2010 nas mãos dos pesquisadores brasileiros que esperam aplicá-la em uma dose única, que seria suficiente para combater os quatro tipos da doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti. O vírus atenuado (modificado) será inoculado no paciente, vítima anterior da doença ou não, e causará a produção dos anticorpos necessários.
Os testes feitos nos EUA mostraram resultados positivos, seguros e sem efeitos colaterais para os pacientes, apesar da observação de dores de cabeça e dor no local da aplicação. Os testes a serem realizados no Brasil têm maior importância por se tratar de um país que sofre a endemia da doença. Aqui, vacinas serão aplicadas em voluntários sem histórico da doença, mas também ineditamente em pessoas que já a contraíram, sem a expectativa de que haja qualquer risco para estes.
Por aqui, os testes serão feitos primeiramente em 50 pessoas na cidade de São Paulo, sem histórico de dengue, nos quais serão aplicadas duas doses com um intervalo de seis meses. Em seguida, serão 250 voluntários em São Paulo e no interior, em Ribeirão Preto (onde se localiza uma das faculdades de Medicina da USP), que já tenham contraído a doença. Nestes, será aplicada apenas uma dose concentrada. A terceira fase será composta por pessoas de diferentes regiões do País, com idades diversas. Só depois dos resultados deste teste, a vacina poderá receber aprovação e começar a ser distribuída. A previsão é de que isso aconteça em até cinco anos.
“Essa previsão pode ser até otimista demais, sabia?”, diz Roberto Sena Rocha, diretor da Fiocruz de Minas Gerais, que acha que a vacina só chega em 2018 “se as coisas andarem muito bem”. Rocha explica que o processo de aprovação de uma vacina é demorado e uma etapa do teste não se inicia sem a anterior ter sido concluída e, por isso, as avaliações podem levar bastante tempo. “Quem for distribuir tem de ter todas as garantias de que isso pode ser largamente aplicado na população. Para isso, é preciso fazer os testes e acompanhar as pessoas envolvidas por bastante tempo.”
Segundo o pesquisador, isso evita a existência de efeitos colaterais não previstos e também é fundamental para a determinação do prazo de validade e se será necessário reforço, ou seja, novas aplicações a serem feitas periodicamente. Sobre a viabilidade econômica da vacina, o diretor da Fiocruz explica que antes mesmo de se dar prosseguimento a uma pesquisa dessa natureza, estudos de viabilidade já são feitos, inclusive com estudos de público-alvo, e que se a vacina já está em testes ela provavelmente será viável de ser distribuída em massa quando chegar a hora.
“Isso é um problema quando se trata de empresas privadas, pois se a doença afeta pouca gente, e ainda se essa pouca gente tem pouco poder aquisitivo, eles simplesmente não fazem o remédio. É aí que entra o Estado”, diz.
Independente do prazo e do preço, para Rocha, o importante é que a vacina chegue à população. “A Dengue é um dos problemas mais graves hoje no Brasil. Ela mata. Uma epidemia de dengue gera caos, trata-se de um problema muito sério de saúde pública”, avalia.
Calcula-se que nos últimos 50 anos, a incidência da doença aumentou em cerca de 30 vezes. Atualmente, conta-se algo em torno de 50 milhões de casos de infecção por ano. Só entre março de 2012 e 2013, o número de casos praticamente triplicou no Brasil, passando de 204 mil para 70 mil, sendo os estados mais afetados o Mato Grosso do Sul (42 mil casos), Minas Gerais (35 mil), Goiás (27 mil), São Paulo (21 mil) e Rio de Janeiro (15 mil). Considerando os Estados com endemia (300 casos para cada 100 mil habitantes), fazem parte da lista o Mato Grosso do Sul, Goiás, Acre, Mato Grosso, Tocantins e Espírito Santo.
A dengue é endêmica hoje em mais de 100 países distribuídos pela África, o sudeste asiático, as Américas e países localizados a oeste do Mediterrâneo e no Pacífico Ocidental. Veja o número de casos neste mapa.
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