sábado, 10 de setembro de 2011

Você conta ao seu amigo quando ele tem um pedaço de alface preso entre os dentes? Ou diz a ele que a braguilha da calça está aberta? Por incrível que pareça, a forma como você se comporta durante esses episódios embaraçosos que ocorrem com os outros pode explicar muita coisa sobre você.
Aqueles que têm mais medo de se envergonhar em público são os que demoram mais para apontar uma falha facilmente corrigível – isso se eles se preocuparem em dizer qualquer coisa, aponta um novo estudo.
Uma das pesquisadoras, Melanie Green, conta que as pessoas tendem a subestimar o quanto nosso comportamento é influenciado pelo medo de passarmos vergonha.
Os pesquisadores se perguntaram se o medo de passar vergonha torna uma pessoa mais hesitante em se envolver na chamada “intervenção de espectador”. Alguns estudos têm sugerido que a disposição de alguém para ajudar é influenciada mais pela situação em que o episódio ocorreu do que pela personalidade da pessoa em si.
Demais estudos têm se focado nas qualidades das pessoas mais inclinadas a agir, quer se trate de um senso de responsabilidade ou empatia para com os outros. Neste estudo, porém, os pesquisadores exploraram o outro lado: se um determinado aspecto da personalidade – embaraço – inibe o desejo de ajudar.
Para testar se isso realmente ocorre, eles fizeram um experimento em que a aparência de uma pessoa tem uma falha temporária – algo como um pouco de molho no queixo ou uma etiqueta virada pra fora da camiseta. Se alguém identifica essa falha para você, ela literalmente “livra a sua cara”.
O estudo deu a 84 estudantes universitários a oportunidade de ajudar uma cobaia no experimento, dizendo à moça que ela tinha tinta no rosto. Alguns dos participantes foram informados de que a moça manchada de tinta iria a uma entrevista depois, e outros não. Alguns alunos dividiram o cômodo com um outro participante da pesquisa enquanto outros ficaram sozinhos com a cobaia. Os voluntários ainda completaram dois testes medindo a tendência a se sentirem constrangidos.
Estudantes mais tímidos foram mais lentos em comentar sobre a tinta no rosto da moça, e ainda menos propensos a fazê-lo com mais alguém no quarto. Aqueles que mencionaram a tinta com outra pessoa presente, aliás, o fizeram silenciosamente – geralmente sussurrando.
As pessoas que são mais preocupadas com constrangimento podem levar mais tempo para adquirir coragem necessária para participar de uma interação potencialmente embaraçosa. Ter outra pessoa presente torna a situação ainda mais complicada.
E será que essas pessoas mais encabuladas tendem a mencionar uma falha para alguém conhecido mais do que para um estranho? Embora Green suspeite que as pessoas fiquem mais confortáveis para comentar essas situações com amigos, a pesquisa revelou que os tímidos possuem muito medo de envergonhar a si mesmos e preferem não falar nada, independente do nível de intimidade com a pessoa em questão. Ou seja, não importa a situação, o que eles não querem é se intrometer.
Essa atitude é reprovada pelo cientista. Mesmo que você possa se sentir incomodado, o melhor é realmente apontar o problema, especialmente se pode fazê-lo de maneira discreta. Porém, na maioria dos casos – salvo os muito tímidos -, as pessoas realmente tendem a se solidarizar com o próximo e contar o que há de errado com a pessoa

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