quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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Separados há 16 anos, homem doa rim e salva vida da ex-mulher

Há 20 anos, Maria de Fátima Gomes, 53 anos, descobriu que tinha rim polícistico. De lá para cá foram várias visitas a médicos, duas cirurgias, hemodiálises e uma internação em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

Nessa terça-feira ela fez o segundo procedimento cirúrgico e que deve ser o último no tratamento contra o problema hereditário: Maria de Fátima recebeu um rim do ex-marido, Nestor Bezerra da Silva, 60 anos.

De acordo com a médica responsável pelo setor de Transplante Renal da Santa Casa, Thaís Vendas, esse é o primeiro caso de doação de ex-marido para a ex-esposa. “Nunca tinha acontecido. Para o homem doar para a esposa é raro, já a esposa doar para o marido é comum”, diz a profissional.

Maria de Fátima e Nestor moram em Dourados, a 233 quilômetros da Capital, foram casados por 19 anos, têm um casal de filhos e há 16 anos estão separados. Em outubro do ano passado, uma semana antes da internação na UTI e já depois de ter retirado um rim, ela soube que iria precisar de um transplante para continuar vivendo.

Foi então que ela e os filhos deram início à luta por um doador. Familiares não podiam pois os cistos são genéticos. A saída foi apelar para o ex-marido.

“Minha filha não falou para quem era, mas de imediato aceitei. Depois ela falou: é para a mãe. Eu faria isso para o meu pior inimigo”, diz Nestor, explicando que, para ele, o importante é “ajudar o próximo, seja quem for”.

Uma semana depois, Maria de Fátima passou mal e foi parar na UTI. Ela teve anemia, emagreceu 15 quilos, fez hemodiálises e, enquanto se recuperava, Nestor fazia os exames de compatibilidade.

Quando quase tudo deu certo, faltava a autorização judicial para a realização do transplante. “Vim duas vezes aqui em Campo Grande e ainda faltava assinaturas”, lembrou Marta.

Na semana passada, enfim, tudo ficou pronto. No domingo o casal se internou e na manhã de terça-feira os médicos retiraram o rim direito de Nestor e colocaram em Maria de Fátima.

“Nós entramos na sala de cirurgia às 7 horas. Oito horas começou e às 14h30min terminou”, conta a médica responsável pelo setor.

Agora, o casal divide o mesmo quarto de enfermaria, passa bem e espera que o caso deles sirva de exemplo de solidariedade e generosidade.

“A pessoa sadia pode ajudar o próximo sempre. Eu creio que isso irá servir de exemplo para outras pessoas”, avalia Nestor, que recebe alta nesta quinta-feira, já Maria de Fátima, segundo ela, fica até o início da próxima semana. “Estou muito feliz, só espero que não tenha reação”, comemora.

Fonte: Campo Grande News


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