sábado, 10 de setembro de 2011

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região autorizou a Câmara dos Deputados a pagar salários acima do teto de R$ 26,7 mil a servidores.

Presidente do TRF derruba liminar que impedia a Casa de pagar a funcionários acima dos R$ 26,7 mil, limite dos servidores e do STF
Presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, desembargador Olindo
Menezes, autorizou a Câmara dos Deputados a pagar salários acima do teto constitucional de R$ 26,7 mil a seus servidores. A decisão foi tomada na segunda-feira, mas só ontem foi publicada no Diário Oficial de Justiça.
Com a medida, o desembargador derrubou uma liminar da 9ª Vara Federal do Distrito
Federal que havia proibido a prática de salários superiores ao teto. Para Menezes, a liminar foi deferida "de forma apressada, sem um razoável tempo útil para o debate em questão".
O mesmo magistrado já havia autorizado o Senado, no dia 22 de agosto, a pagar a seus
servidores remunerações que superam o limite constitucional de R$ 26,7 mil, que é o
salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Por lei, nenhum servidor
público poderia ganhar mais do que isso.
A discussão sobre o tema foi provocada pela procuradora da República Anna Carolina
Resende Maia. Em nome do Ministério Público Federal, ela ingressou na Justiça pedindo a suspensão dos pagamentos que estão acima do teto.
O recurso a favor da Câmara dos Deputados foi impetrado pela União. Em sua decisão,
o desembargador Olindo Menezes afirmou que, com a decisão da 9ª Vara Federal, "o
funcionamento diário da Câmara dos Deputados e o planejamento econômico-jurídico-
financeiro da vida de centenas de pessoas, ativas e inativas, ligadas à instituição, passa a ser gravemente afetado". Argumentos parecidos foram usados por ele na decisão que favoreceu o Senado.
Juízo cautelar. O presidente do TRF disse ainda que "não está julgando nem revendo, em definitivo, a decisão da 9ª Vara Federal". Ele argumentou, na explicação da medida, que está apenas "emitindo um juízo cautelar e interino". A decisão final, alertou, será tomada por uma turma especializada do mesmo tribunal.
A história começou quando uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no Senado, em 2009, identificou um total de 464 servidores ganhando acima do teto
constitucional. Estão na relação, por exemplo, a atual diretora-geral do Senado, Doriz
Peixoto, na época com salário de R$ 27.215,65, e o ex-diretor-geral Haroldo Feitosa Tajra, com R$ 27.538,62. Também é mencionado o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, que recebia um salário R$ 24.969,74 há dois anos.
O ex-diretor-geral Agaciel Maia, pivô do escândalo dos atos secretos, não aparece na lista, mas sua mulher, Sânzia Maia, está na relação. Em 2009, ela recebia R$ 24.630,68, R$ 130,68 a mais do que o teto constitucional da época. Hoje, esse limite é de R$ 26,7 mil.

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