sábado, 17 de setembro de 2011



do Blog da Renata de Renata Pimenta
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Quixeramobim/CE. A problemática das drogas é considerada uma questão de saúde pública. Se livrar delas não é fácil. Os dependentes recorrem geralmente aos centros de reabilitação, mas buscar ajuda com a própria Polícia, com certeza, é estranho. Afinal, são os policiais quem combatem o tráfico, apreendem os usuários e os levam para as delegacias. Mas um policial militar está quebrando esse paradigma. Atualmente, lotado no Pelotão Policial Militar de Quixeramobim, o soldado Juciliano de Queiroz aproveita suas horas de folga amparando usuários de drogas.

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Cultivo de horta na localidade de Cupim. Ex-dependentes químicos aprendem uma nova forma de viver 
FERNANDO IVO DE SOUSA
Dependentes químicos encontram na figura de um policial o amparo para se livrarem do vício das drogas e do álcool

Quixeramobim. A problemática das drogas é considerada uma questão de saúde pública. Se livrar delas não é fácil. Os dependentes recorrem geralmente aos centros de reabilitação, mas buscar ajuda com a própria Polícia, com certeza, é estranho. Afinal, são os policiais quem combatem o tráfico, apreendem os usuários e os levam para as delegacias. Mas um policial militar está quebrando esse paradigma. Atualmente, lotado no Pelotão Policial Militar de Quixeramobim, o soldado Juciliano de Queiroz aproveita suas horas de folga amparando usuários de drogas.

Há praticamente um ano, com o apoio da esposa, Rosana Sádria, o policial militar resolveu criar o Centro de Tratamento a Dependência de Álcool e Outras Drogas (CTAD), também conhecido como "Resgata-me de Vez". No começo foi difícil. Quem precisava do auxílio olhava desconfiado. Muitos consideram a Polícia truculenta, arbitrária. Mas aos poucos a confiança foi conquistada. Mais empolgante ainda são os resultados. Segundo o policial, nesse período, de dez internos, sete conseguiram recuperação.

Essa história começou há mais de uma década, quando o casal foi convertido à religião evangélica. Eles foram incentivados por sua Igreja, a Assembleia de Deus Madureira, a participar de atividades comunitárias. Jucilianio não pensou duas vezes. Foi voluntário do Projeto Nova Vida, prestando assistência a drogados em Maracanaú, onde trabalhava. Transferido para Quixeramobim, o policial se assustou ao se deparar com os mesmos problemas.

Um número enorme de alcoolistas e de dependentes químicos, na maioria da "pedra da morte", o crack. Com o apoio da comunidade religiosa da qual são membros, o casal resolveu criar um centro de reabilitação. Apesar da Prefeitura prestar assistência aos drogados, por meio do Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps AD), o Município não possuía abrigo adequado para internamento voluntário e tratamento dos dependentes químicos.

Com poucos recursos, conseguiram alugar uma pequena propriedade na periferia de Quixeramobim, na localidade de Cupim, a 5Km do Centro da cidade. Há espaço apenas para dez dependentes, mas, com jeitinho, conseguem acomodar 13 jovens e adultos, somente do sexo masculino.

MAIS INFORMAÇÕES 
Centro de Tratamento a Dependência de Álcool e Outras Drogas
Rodovia do Algodão/ (88) 9264.8729/ juciliano_@hotmail.com


INCLUSÃO SOCIAL
Entidade precisa de apoio

Quixeramobim.
 O sítio onde funciona o Centro de Tratamento a Dependência de Álcool e Outras Drogas (CTAD) oferece espaço suficiente para as atividades de terapia ocupacional, reuniões, lazer e até aulas de informática. Os cursos de computação são realizados graças a parceria formada com o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT).

Mesmo assim, Juciliano enfrenta dificuldades para manter o centro de reabilitação. São necessários em média R$ 3 mil para custear as despesas. A Prefeitura participa da parceria com três monitores, um vigia e um cozinheiro. Os próprios abrigados produzem parte dos alimentos, na horta do Centro de Tratamento. Além de aprenderem a cultivar hortaliças, funciona como uma das atividades ocupacionais. Porém, muitos aguardam do lado de fora da cerca de arame farpado a oportunidade de se libertarem das drogas cultivando os vegetais e recebendo assistência especial.

De acordo com o coordenador do CTAD, todos os dias, pelo menos três pessoas procuram internação. Mas o processo de ressocialização é demorado. São pelo menos seis meses para desintoxicação e o mesmo período para adquirirem confiabilidade. O trabalho é árduo e requer muita dedicação de todos os envolvidos. Quem chega é tratado como um filho, mas todos têm que fazer algum sacrifício.

Do primeiro grupo reabilitado no CTAD Francisco Cleiton, 34 anos, agradece o amparo. Antes, tinha vergonha de olhar até para a filha. "Hoje, ela sente orgulho do pai", comenta emocionado. Para quem abandonou a família e deixou se dominar pela bebida, as portas estavam se fechando cada vez mais. O acolhimento e a confiança de pessoas generosas e pacientes o trouxeram de volta. Agora, ele tem uma nova perspectiva de vida. Voltou a trabalhar e não se sente constrangido ao revelar publicamente o pesadelo pelo qual passou.

Wesley Nonato da Silva, 23 anos, fez mais. Hoje é um dos monitores do centro de reabilitação. Ele foi dependente do crack por seis anos. Sem o auxílio do policial militar e sua equipe certamente teria um destino trágico. Ele foi um dos primeiros a se recuperar. Cita seu exemplo como incentivo aos outros.

Alex Pimentel
Colaborador

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